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A amoreira
Grimm Märchen

A amoreira - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 20 min

Atenção: Esta é uma história assustadora.

Ha muito tempo, há uns dois mil anos, havia um homem rico, casado com uma mulher muito bonita e piedosa; eles amavam-se muito mas não tinham filhos e, por mais que os desejassem e a mulher rezasse dia e noite para tê-los, não apareciam. A frente da casa havia uma amoreira. Certa vez, no inverno, a mulher estava debaixo da amoreira descascando uma maçã e, inadvertidamente, cortou o dedo; o sangue, escorrendo, caiu na neve.

– Ah, – disse a mulher com profundo suspiro, olhando tristonha para aquele sangue, – se eu tivesse um menino vermelho como o sangue e branco como a neve! Mal acabara de falar, sentiu-se serenamente calma como se tivesse um pressentimento. Voltou para casa; passou uma lua e a neve desapareceu; após duas luas, a terra reverdeceu; após três luas, desabrocharam as flores; após quatro luas, todas as árvores no bosque revestiram-se de galhos viçosos; os pássaros cantavam, ressoando por todo o bosque e as flores caíam das árvores; passara a quinta lua e a mulher estava sob a amoreira; seu perfume era tão suave que sentiu o coração palpitar de felicidade, então caiu de joelhos fora de si pela alegria; depois na sexta lua, as frutas iam-se tornando mais grossas e ela acalmou-se; na sétima lua, colheu algumas amoras e comeu-as avidamente, mas tornou-se triste e adoeceu; passou a oitava lua e ela chamou o marido e disse-lhe chorando:

– Se eu morrer, enterra-me debaixo da amoreira. Depois voltou a ficar tranquila e alegre até que uma outra lua, a nona, passou; então, nasceu-lhe um menino, alvo como a neve e vermelho como o sangue e, quando o viu, sua alegria foi tanta que faleceu. O marido enterrou-a debaixo da amoreira e chorou muito durante um ano; no ano seguinte, chorou menos e, finalmente, cessou de chorar e casou-se novamente. Da segunda mulher, teve uma filha, ao passo que da primeira tivera um filho rosado como o sangue e alvo como a neve. Quando a mulher olhava para a filha, sentia que a amava com imensa ternura; mas quando olhava para o menino, sentia algo a lhe aguilhoar o coração e achava que era um estorvo para todos. E pensava, continuamente, que deveria fazer para que a herança passasse inteiramente à filha. O Demônio inspirava-lhe os piores sentimentos; passou a odiar o rapazinho, a enxotá-lo de um canto para outro, a esmurrá-lo e empurrá-lo, de maneira que o pobre menino vivia completamente aterrorizado e, desde que saía da escola, não encontrava um mínimo de paz. Certo dia, a mulher dirigiu-se à despensa e a linda filhinha seguiu-a. – Mamãe, – pediu ela, – dá-me uma maçã. – Sim, minha filhinha, – disse a mulher tirando uma bela maçã de dentro do caixão, o qual tinha uma tampa muito grossa e pesada além de uma grossa e cortante fechadura de ferro. – Mamãe, – disse a menina, – não dás uma também a meu irmão? A mulher irritou-se, mas respondeu:

– Dou, sim, quando ele voltar da escola. E quando o viu da janela que vinha chegando da escola, foi como se estivesse possessa pelo demônio; tirou a maçã da mão da filha, dizendo:

– Não deves ganhá-la antes de teu irmão. Jogou a maçã dentro do caixão e fechou-o. Quando o menino entrou, ela disse-lhe, com fingida doçura:

– Meu filho, queres uma maçã? – e lançou-lhe um olhar arrevezado. – Oh, mamãe, – disse o menino, – que cara assustadora tens! Sim, dá-me a maçã. – Vem comigo, – disse ela animando-o, e levantou a tampa; – tira tu mesmo a maçã. Quando o menino se debruçou para pegar a maçã, o demônio tentou-a e, paff! ela deixou cair a tampa cortando-lhe a cabeça, que rolou sobre as maçãs. Então sentiu-se tomado de pavor e pensou: „Ah, como poderei livrar-me dele!“ Subiu, então, para o quarto, tirou da primeira gaveta da cômoda um lenço branco, ajeitou a cabeça no devido lugar atando-lhe, em seguida, o lenço, de maneira que não se percebesse nada; depois sentou-o numa cadeira, perto da porta, com a maçã na mão. Pouco depois, Marleninha foi à cozinha, onde estava a mãe mexendo num caldeirão cheio de água quente. – Mamãe, – disse Marleninha, – meu irmão está sentado perto da porta… todo branco; e tem uma maçã na mão; pedi-lhe que ma desse, mas ele não me respondeu e eu assustei-me. – Volta lá, – disse a mãe, – e se não quiser responder-te, dá-lhe uma bofetada. Marleninha voltou e disse:

– Meu irmão, dá-me um pedaço de maçã! Mas ele continuou calado; ela, então, deu-lhe uma bofetada e a cabeça caiu-lhe. Ela espantou-se e começou a chorar e a soluçar. Correu para junto da mãe dizendo:

– Ah, mamãe; arranquei a cabeça de meu irmão! E chorava, chorava sem parar. – Marleninha, – disse-lhe a mãe, – que fizeste! Acalma-te, não chores, para que ninguém o perceba; não há mais remédio! Vamos cozinhá-lo com molho escabeche. A mãe pegou o menino, cortou-o em pedaços, pôs este numa panela e conzinhou-os com vinagre. Marleninha, porém, chorava, chorava sem cessar e suas lágrimas caíam todas dentro da panela. Assim não precisaram salgá-lo. O pai regressou à casa, sentou-se à mesa e perguntou:

– Onde está meu filho? Então a mãe trouxe-lhe uma travessa cheia de carne em escabeche. Marleninha chorava sem poder conter-se. O pai repetiu:

– Onde está meu filho? – Ele foi para o campo, para a casa de um parente onde deseja passar algum tempo, – respondeu a mãe. – E que vai fazer lá? Saiu sem mesmo despedir- -se de mim! – Ora, tinha vontade de ir e pediu-me para ficar lá algumas semanas. Será bem tratado verás! – Ah, – retorquiu o homem, – isso aborrece-me! Não está direito, devia pelo menos despedir-se de mim! Assim dizendo, começou a comer. – Marleninha, – perguntou ele, – por que choras? Teu irmão voltará logo. Oh, mulher, – acrescentou, – como está gostosa esta comida! Dá-me mais um pouco. Mais comia, mais queria comer e dizia:

– Dá-me mais, não sobrará nada para vós; parece que é só para mim. E comia, comia, jogando os ossinhos debaixo da mesa, até acabar tudo. Marleninha foi buscar seu lenço de seda mais bonito, na última gaveta da cômoda, recolheu todos os ossos e ossinhos que estavam debaixo da mesa, amarrou-os bem no lenço e levou-os para fora, chorando lágrimas de sangue. Enterrou-os entre a relva verde, sob a amoreira, e, tendo feito isso, sentiu-se logo aliviada e não chorou mais. A amoreira então começou a mover-se, os ramos apartavam-se e reuniam-se de novo, tal como quando alguém bate palmas de alegria. Da árvore desprendeu-se uma nuvem e dentro da nuvem parecia estar um fogo ardendo; do fogo saiu voando um lindo passarinho, que cantava maravilhosamente e alçou voo rumo ao espaço; quando desapareceu, a amoreira voltou ao estado de antes e o lenço com os ossos haviam desaparecido. Marleninha, então, sentiu-se aliviada e feliz, tal como se o irmão ainda estivesse vivo. Voltou para casa muito contente, sentou-se à mesa e comeu. O pássaro, porém, voou longe, foi pousar sobre a casa de um ourives e se pôs a cantar:

– Minha mãe me matou. meu pai me comeu. minha irmã Marleninha
meus ossos juntou. num lenço de seda os amarrou. debaixo da amoreira os ocultou. piu, piu, que lindo pássaro sou!

O ourives estava na oficina, confeccionando uma corrente de ouro; ouviu o pássaro cantando sobre o telhado e achou o canto maravilhoso. Levantou-se para ver, e ao sair perdeu um chinelo e uma meia, mas foi mesmo assim ao meio da rua, com um chinelo e uma meia só. Estava com o avental de couro, numa das mãos tinha a corrente de ouro e na outra a pinça; o sol estava resplandecente e iluminava toda a rua. Ele deteve-se e. olhando para o pássaro, disse:

– Pássaro, como cantas bem! Canta-me outra vez a tua canção. – Não, – disse o pássaro, – não canto de graça duas vezes; dá-me a corrente de ouro que eu a cantarei outra vez. – Aqui está a corrente de ouro! – disse o ourives; – agora canta outra vez. O pássaro então voou e foi buscar a corrente de ouro, apanhou-a com a patinha direita, sentou-se diante do ourives e cantou:

– Minha mãe me matou,
meu pai me comeu,
minha irmã Marleninha
meus ossos juntou,
num lenço de seda os amarrou,
debaixo da amoreira os ocultou,
piu, piu, que lindo pássaro sou!

Depois o pássaro voou para a casa de um sapateiro, pousou sobre o telhado e cantou:

– Minha mãe me matou,
meu pai me comeu,
minha irmã Marleninha
meus ossos juntou,
num lenço de seda os amarrou,
debaixo da amoreira os ocultou,
piu, piu, que lindo pássaro sou!

O sapateiro ouviu-o e correu à porta em mangas de camisa; olhou para o telhado, resguardando os olhos com a mão para que o sol não o cegasse.

– Pássaro, – disse ele, – como cantas bem! – E da porta chamou: – mulher, vem cá fora, está aqui um pássaro que canta divinamente bem! Vem ver. Depois chamou a filha, os filhos, os ajudantes, o criado e a criada; e todos foram para a rua ver o passarinho, que era realmente lindo com as penas vermelhas e verdes, em volta do pescoço parecia de ouro puro e os olhinhos eram cintilantes como estreias. – Pássaro, – pediu o sapateiro, – canta-me outra vez a tua canção! – Não, – respondeu o pássaro, – não canto de graça duas vezes, tens que me dar alguma coisa. – Mulher, – disse o sapateiro, – atrás da banca, na parte mais alta, há um par de sapatos vermelhos, traze-os aqui. A mulher foi buscar os sapatos. – Aqui tens, pássaro, – disse o homem, – agora canta-me novamente a tua canção. O pássaro foi buscar os sapatos com a pata esquerda, depois voou para o telhado e cantou:

– Minha mãe me matou,
meu pai me comeu,
minha irmã Marleninha
meus ossos juntou,
num lenço de seda os amarrou,
debaixo da amoreira os ocultou,
piu, piu, que lindo pássaro sou!

Terminado o canto, foi-se embora, levando a corrente na pata direita e os sapatos na esquerda, e voou longe, longe, sobre um moinho, e o moinho girava fazendo: clipe clape, clipe clape, clipe clape. E na porta do moinho estavam sentados os ajudantes do moleiro, que batiam com o martelo na mó: tic tac, tic tac, tic tac; e o moinho girava: clipe clape, clipe clape, clipe clape. Então, o pássaro pousou numa tília em frente ao moinho e cantou:

– Minha mãe me matou.

E um ajudante parou de trabalhar.

meu pai me comeu.

Outros dois ajudantes pararam de trabalhar para ouvir.

minha irmã Malerninha,

Outros quatro pararam de trabalhar.

meus ossos juntou,
num lenço de seda os amarrou.

Oito ainda continuavam batendo.

debaixo da amoreira

Mais outros cinco pararam,

os ocultou,

Ainda mais um, mais outro.

piu, piu, que lindo pássaro sou!

Então, o último ajudante também largou o trabalho e pôde ouvir o fim do canto. – Pássaro, – disse ele, – como cantas bem! Deixa-me ouvir também, canta outra vez. – Não, – disse o pássaro, – não canto de graça duas vezes; dá-me essa mó e cantarei de novo. – Sim, – respondeu o ajudante, – se fosse minha somente, eu ta daria. – Sim, – disseram os outros, – se cantar novamente, a terá. Então o pássaro desceu e os moleiros todos pegando uma alavanca, suspenderam a mó, dizendo: ouup, ouup, ouup, ouup! O pássaro enfiou a cabeça no buraco da mó como se fosse uma coleira; depois voltou para a árvore e cantou:

– Minha mãe me matou,
meu pai me comeu,
minha irmã Marleninha
meus ossos juntou,
num lenço de seda os amarrou,
debaixo da amoreira os ocultou,
piu, piu, que lindo pássaro sou!

Acabando de cantar, abriu as asas, levando na pata direita a corrente de ouro, na esquerda o par de sapatos e no pescoço a mó e foi-se embora, voando para a casa do pai. Na sala estavam o pai, a mãe e Marleninha sentados à mesa; o pai disse:

– Ah, que alegria; estou me sentindo muito feliz! – Oh, não, – disse a mãe; – eu estou com medo, assim como quando se anuncia forte tempestade. Marleninha, sentada em seu lugar, chorava, chorava. De repente, chegou o pássaro e, quando ele pousou em cima do telhado, disse o pai:

– Ah! que alegria! Como brilha o sol lá fora! E como se tornasse a ver um velho amigo! – Oh, não, – disse a mulher; – eu sinto tanto medo: estou batendo os dentes e parece-me ter fogo nas veias. Assim dizendo, tirou o corpete. Marleninha continuava sentada no seu lugar e chorava, segurando o avental diante dos olhos e banhando-o de lágrimas. Então, o pássaro pousou sobre a amoreira e cantou:

– Minha mãe me matou,

e a mãe tapou os ouvidos e fechou os olhos para não ver e não ouvir, mas zumbiam-lhe os ouvidos como se fosse o fragor da tempestade e os olhos ardiam-lhe como se tocados pelo raio.

meu pai me comeu,

– Ah, mãe, – disse o homem, há aí um pássaro que canta tão bem! E o sol está tão brilhante! E o ar recende a cinamomo.

minha irmã Marleninha

Então Marleninha inclinou a cabeça nos joelhos e prorrompeu num choro violento, mas o homem disse:

– Vou lá fora, quero ver esse pássaro de perto. – Não vás, não! – disse a mulher; – parece-me que a casa toda está a tremer e a arder. O homem, porém, saiu lá fora, e foi ver o pássaro.

meus ossos juntou,
num lenço de seda os amarrou,
debaixo da amoreira os ocultou,
piu, piu, que lindo pássaro sou!

Com isso, o pássaro deixou cair a corrente de ouro exatamente em volta do pescoço de seu pai, servindo-lhe esta tão bem como se fora feita especialmente para ele. O homem entrou em casa e disse:

– Se visses que lindo pássaro! Deu-me esta bela corrente de ouro, e é tão bonito! Mas a mulher, transida de medo, caiu estendida no chão, deixando cair a touca da cabeça. E o pássaro cantou novamente:

– Minha mãe me matou,

– Ah, se pudesse estar mil léguas debaixo da terra para não ouvi-lo!

meu pai me comeu,

A mulher debateu-se, e parecia morta,

minha irmã Marleninha

– Oh, – disse Marleninha, – eu também quero sair lá fora; quem sabe se o pássaro dá algum presente também a mim! – E saiu.

meus ossos juntou,
num lenço de seda os amarrou,

e atirou-lhe os sapatos.

debaixo da amoreira os ocultou,
piu, piu, que lindo pássaro sou!

Marleninha então sentiu-se alegre e feliz. Calçou os sapatinhos vermelhos; pulando e dançando, entrou em casa. – Estava tão triste quando saí e agora estou tão alegre! Que pássaro maravilhoso! Deu-me um par de sapatos vermelhos. – Oh, não, – disse a mulher; ergueu-se de um salto e os cabelos se lhe eriçaram como labaredas de fogo. – Parece-me que vai cair o mundo, vou sair também, quem sabe se não me sentirei melhor? Quando transpôs a soleira da porta, pac! o pássaro atirou-lhe na cabeça a pesada mó, que a esmigalhou. O pai e Marleninha, ouvindo isso, correram e viram desprender-se do solo fogo e fumaça e, quando tudo desapareceu, eis que surge o irmãozinho, estendendo as mãos ao pai e a Marleninha; e, muito felizes, entraram os três em casa, sentaram-se à mesa e começaram a comer.

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Antecedentes

Interpretações

Língua

O conto „A amoreira“ dos Irmãos Grimm é uma narrativa sombria e cheia de simbolismo, típica do estilo dos contos de fadas clássicos. A história aborda temas como inveja, arrependimento e redenção.

Desejo e Maldição: A história começa com o desejo de uma mulher por um filho, expressado enquanto ela descasca uma maçã e, acidentalmente, deixa seu sangue tingir a neve. Esse desejo sincero se materializa, mas também carrega um presságio sombrio, levando ao nascimento de um filho que acaba associado a eventos trágicos.

Inveja e Maldade: Após a morte da primeira esposa, o homem se casa novamente e tem uma filha. A madrasta desenvolve um profundo ciúme e aversão pelo enteado, que culmina em um ato brutal: ela o mata ao deixá-lo decapitado por uma tampa pesada.

Arrependimento e Ardis: Para encobrir seu ato, a madrasta cozinha o corpo do menino e serve-o em escabeche ao seu próprio pai, que, sem saber, o consome, aumentando ainda mais o horror do ato.

Reencarnação e Justiça: A irmã do menino, Marleninha, recolhe os ossos do irmão e os enterra debaixo da amoreira, o que permite que o espírito do menino retorne na forma de um pássaro. O pássaro canta uma canção que revela os acontecimentos trágicos, desencadeando uma série de eventos que proporcionam justiça.

Retribuição e Renovação: O pássaro, por meio de seus presentes simbólicos (corrente de ouro, sapatos vermelhos), restaura a ordem na família. Finalmente, lança a mó sobre a madrasta, matando-a e permitindo ao menino renascer e reunir-se com seu pai e sua irmã.

A história encerra com um retorno à harmonia familiar, uma característica comum nos contos de fadas, apesar de sua jornada sombria e desafiadora. „A amoreira“ ilustra como os contos de fadas podem explorar temas complexos e difíceis dentro de uma estrutura narrativa que mistura o fantástico com o moral.

„A amoreira“ dos Irmãos Grimm é um conto de fadas que explora temas como inveja, ciúme e redenção por meio de uma história cheia de simbolismo e fantasia. Neste conto, uma mulher piedosa deseja ter filhos, e após um evento simbólico envolvendo sangue e neve, ela concebe uma criança que tem a pele branca como a neve e bochechas vermelhas como o sangue. O tema de nascimento e morte é introduzido logo cedo, quando a mulher morre de felicidade após o nascimento de seu filho.

A nova esposa do homem é consumida pelo ciúme pelo filho de sua antecessora e, tragicamente, assassina o menino, servindo sua carne ao pai. Este terrível ato de violência e traição é equilibrado pela inocência e ternura de Marleninha, filha do segundo casamento, que preserva os ossos do irmão, levando-nos à ideia de que amor e inocência podem superar até mesmo os atos mais sombrios.

O elemento mágico é introduzido quando o pássaro, simbolizando o espírito do menino, canta uma canção que revela a verdade de sua morte. A canção não só confronta os responsáveis por sua morte mas também recompensa aqueles que mostram bondade. Este pássaro avança na narrativa como um agente de justiça poética, proporcionando presentes àqueles que não estavam envolvidos em sua morte e trazendo retribuição adequada à madrasta má.

O conto ressoa com temas da natureza cíclica da vida e do inevitável desfecho de ações malignas. Em última análise, a história acolhe a ideia de redenção através do retorno do menino à vida, simbolizando esperança e reconciliação. A tragédia inicial da história é assim equilibrada por um final onde a unidade familiar é restaurada e a justiça é realizada, oferecendo uma conclusão satisfatória à narrativa complexa dos Grimm.

Como em muitos contos de fadas, „A amoreira“ utiliza uma mistura de elementos fantásticos e morais para discutir as complexidades da humanidade, promovendo reflexões sobre as consequências de nossos atos e a possibilidade de redenção.

O conto „A Amoreira“, dos Irmãos Grimm, oferece uma rica análise linguística e simbólica que vale a pena explorar. Esta narrativa é um exemplo de conto de fadas tradicional, repleto de elementos simbólicos e morais.

Introdução e Desejo: O conto começa com uma fórmula comum nos contos de fadas („Há muito tempo. . . „), estabelecendo desde o início um tom de fábula atemporal. O desejo da mulher por um filho incorpora o motivo clássico da gravidez milagrosa, reforçado pelos elementos naturais que a circundam. O sangue na neve, mencionando o desejo por um filho „vermelho como o sangue e branco como a neve“, simboliza a vida e a pureza.

Natureza Cíclica e Temporalidade: A narrativa avança seguindo as fases da lua, destacando um ciclo de gestação e a relação intrínseca entre a natureza e o destino humano. A alternância das estações marca a passagem do tempo até o nascimento da criança.

A Morte e a Transformação: A morte da mãe após o nascimento do filho insinua a temática de sacrifício e renovação, comum em muitos contos folclóricos. A amoreira, sob a qual a mãe é enterrada, torna-se um símbolo de continuidade e renascimento.

Conflito e Maldade: A madrasta, uma figura arquetípica nos contos de fadas, representa ciúme e má vontade, agravada pela influência demoníaca. Este personagem contribui para uma dinâmica de conflito familiar. O ato violento da madrasta ao matar e cozinhar o menino é extremo e serve para acentuar a vilania e a injustiça que será revertida até o final do conto.

Justiça Poética e Ressurreição: A transformação do menino em pássaro após a morte reflete uma forma de justiça poética. A música que canta é uma forma de revelar a verdade e restaurar a ordem. A ressurreição final do menino simboliza a restauração da harmonia e a derrota do mal.

Elementos Poéticos e Estruturais: A repetição do verso cantado pelo pássaro atribui um caráter poético e ritmado à narrativa, criando uma expectativa crescente e um senso de estrutura musical, importante na oralidade dos contos de fadas. A frase “Piu, piu, que lindo pássaro sou!” funciona como um refrão que acentua o contraste entre a beleza do pássaro e a tragédia de sua história.

Relações Familiares: O conto explora complexas interações familiares, incluindo ciúmes entre madrastas e enteados, e um vínculo profundo entre irmãos, exemplificado pelo cuidado de Marleninha.

Justiça e Moralidade: Como muitos contos dos Irmãos Grimm, „A Amoreira“ encerra com a restauração da justiça, sugerindo que o mal será necessariamente punido e o bem, recompensado.

O conto „A Amoreira“ revela muito sobre as preocupações sociais, os valores morais e os desejos psíquicos de seu tempo, ao mesmo tempo que se mantém relevante devido aos temas universais que aborda. A linguagem usada, simples e direta, reforça o conto como uma poderosa ferramenta de transmissão cultural, capaz de transcender gerações.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 47
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 720
TraduçõesEN, DA, ES, FR, PT, FI, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson33.2
Flesch-Reading-Ease Índice35.3
Flesch–Kincaid Grade-Level12
Gunning Fog Índice14.9
Coleman–Liau Índice9.1
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado6.3
Número de Caracteres14.359
Número de Letras10.974
Número de Sentenças167
Número de Palavras2.589
Média de Palavras por frase15,50
Palavras com mais de 6 letras459
percentagem de palavras longas17.7%
Número de Sílabas4.769
Média de Sílabas por palavra1,84
Palavras com três sílabas578
Percentagem de palavras com três sílabas22.3%
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