Tempo de leitura para crianças: 24 min
Há muito e muito tempo, bem no meio do inverno, quando os flocos de neve caíam do céu leves como plumas, uma rainha estava sentada costurando junto a uma janela com esquadrias de ébano. Costurava distraída, olhando os flocos de neve que caíam lá fora e, por isso, espetou o dedo com a agulha e três gotas de sangue caíram na neve. Aquele vermelho em cima do branco ficou tão bonito que ela pensou: „Eu queria ter um neném assim, que fosse branco como a neve, vermelho como o sangue e negro como a madeira da moldura desta janela.“
Algum tempo depois, ela teve uma filha, que era branca como a neve, vermelha como o sangue e tinha cabelos negros como o ébano. Deram a ela o nome de Branca de Neve, mas, quando ela nasceu, a rainha morreu. Um ano mais tarde, o rei casou de novo. A nova rainha era linda, mas muito orgulhosa e prepotente; tão vaidosa que não podia suportar a idéia de que alguém pudesse ser mais bonita do que ela. Tinha um espelho mágico e gostava de se olhar nele e perguntar:
– Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país?

E o espelho respondia:
– Senhora Rainha, tu és a mais linda de todo o país. Então ela ficava satisfeita, porque sabia que o espelho dizia sempre a verdade. Mas, à medida que Branca de Neve crescia, ia ficando cada vez mais bonita e, quando tinha sete anos, já era tão bela quanto o dia e mais bonita do que a própria rainha. Um dia, quando a rainha perguntou ao espelho:
– Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país? O espelho respondeu:
– Senhora Rainha, tu és a mais linda que está aqui, mas Branca de Neve é mil vezes mais linda que todas as lindas que há por aí. A rainha engoliu em seco, ficou amarela e verde de inveja. Cada vez que ela olhava para Branca de Neve, depois disso, tinha tanto ódio dela que seu sangue até fervia no peito. A inveja e o orgulho cresceram como ervas daninhas dentro do coração da rainha até que ela não conseguia ter um momento de sossego, nem de noite nem de dia. Finalmente, mandou chamar um caçador e disse:
– Suma com essa menina da minha frente. Quero que você a leve para o fundo da floresta e a mate. Para provar que você fez mesmo isso, traga-me os pulmões e o fígado dela. O caçador obedeceu. Levou a menina para a floresta, mas, quando puxou seu facão de caça e se preparava para atravessar o coração inocente de Branca de Neve, ela começou a chorar e disse:
– Por favor, querido caçador, deixe-me viver. Eu fujo para o fundo do mato e nunca mais volto para casa… Ela era tão bonita que o caçador ficou com pena e disse:
– Está bem, menina, pobre coitada. Fuja!

Mas, para si mesmo, pensou: „Num instante os animais selvagens vão devorá-la.“ Porém, como nesse caso não era ele mesmo quem ia matar a criança, isso já tirava um peso enorme de cima dele. Logo depois, um filhote de javali saiu correndo do mato. O caçador meteu a faca nele, tirou os pulmões e o fígado e os levou para a rainha, como prova de que tinha cumprido sua missão. A malvada mandou o cozinheiro salgar e assar esses miúdos e comeu tudo, certa de que estava comendo os pulmões e o fígado de Branca de Neve. Enquanto isso, a pobre menina estava sozinha no meio da grande floresta. Apavorada, ela se assustava com todas as folhas das árvores e não sabia para onde ir. Começou a correr. Correu, correu, por cima de pedras afiadas e pelo meio de moitas de espinhos e os animais ferozes passavam por ela sem fazer mal nenhum. Correu enquanto as pernas agüentaram até que, finalmente, pouco antes de anoitecer, avistou uma casinha e entrou nela para descansar. Lá dentro tudo era pequenininho, mas limpo de fazer gosto. A mesa estava posta com uma toalha branca e sete pratinhos, cada um com sua faca, seu garfo, sua colher e sete canequinhas. Do outro lado, junto à parede, havia sete caminhas enfileiradas, cobertas por lençóis brancos imaculados. Branca de Neve estava morrendo de fome e sede, mas não queria comer a comida toda de ninguém, por isso comeu um pouquinho de pão e de legumes de cada prato e bebeu um gole de vinho de cada caneca. Depois estava tão cansada que resolveu se deitar em uma das camas, mas nenhuma servia exatamente para ela – algumas eram compridas demais, outras eram curtas demais, até que a sétima era do tamanho perfeito. Resolveu ficar por ali, rezou suas orações e caiu no sono.
Quando já estava bem escuro, chegaram os donos da casa. Eram sete anões que, todos os dias, iam para as montanhas minerar prata, com suas pás e picaretas. Acenderam suas sete velinhas e, quando tudo ficou iluminado, eles perceberam que alguém tinha estado por ali, porque algumas coisas estavam fora do lugar. O primeiro disse:
– Quem sentou na minha cadeira? E o segundo:
– Quem comeu no meu prato? E o terceiro:
– Quem deu uma dentada no meu pão? E o quarto:
– Quem andou beliscando os meus legumes? E o quinto:
– Quem usou o meu garfo? E o sexto:
– Quem cortou com minha faca? E o sétimo:
– Quem bebeu na minha caneca? Depois, o primeiro olhou em volta e viu que a cama dele estava amassada, como se
tivesse uma coisa cavada no meio e perguntou:
– Quem deitou na minha cama? Os outros vieram correndo e gritaram:
– Alguém deitou na minha cama também!
Mas quando o sétimo olhou para a cama dele, viu que Branca de Neve ainda estava deitada lá, dormindo. Chamou os outros, que chegaram num instante. Começaram a gritar muito espantados, foram buscar as velas e as levantaram bem alto por cima de Branca de Neve:
– Deus do céu! – gritaram – Deus do céu! Que menina tão linda!
Ficaram tão maravilhados com ela que nem a acordaram, mas deixaram que ela continuasse dormindo na caminha. O sétimo anão dormiu com seus companheiros, uma hora com cada um e depois a noite já tinha acabado.

Na manhã seguinte, Branca de Neve acordou e, quando viu os sete anões, levou um
susto. Mas eles foram muito simpáticos, com um jeito amigo e perguntaram:
– Qual é o seu nome?
– Meu nome é Branca de Neve – respondeu ela.
– Como é que você veio parar na nossa casa? – os anões quiseram saber.
Então ela contou a eles tudo o que tinha acontecido, como a madrasta queria matá-la, como o caçador poupou a vida dela, como ela tinha caminhado o dia todo até que, finalmente, encontrou a casinha deles.

Os anões disseram:
– Se você tomar conta de nossa casa, cozinhar para nós, fizer as camas, lavar, costurar e cerzir as nossas roupas e deixar tudo bem limpinho e arrumado sempre, pode ficar morando conosco e nunca vai lhe faltar nada.
– Que bom! – disse Branca de Neve – Eu ia adorar…
E foi assim que ela ficou tomando conta da casa. Todas as manhãs eles saíam para a montanha, para garimpar ouro e prata e, todas as noites, voltavam para casa e ela tinha que ter feito o jantar. Mas ela passava o dia todo sozinha e os bondosos anões acharam bom avisar:
– Muito cuidado com sua madrasta. Ela vai descobrir logo que você está aqui. Não
deixe ninguém entrar nunca.
Pois bem, a rainha que pensava ter comido os pulmões e o fígado de Branca de Neve, agora tinha certeza de que era a mais bonita do lugar. Foi até diante do espelho e perguntou:
– Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país? E o espelho respondeu:
– Senhora Rainha, tu és a mais linda que está aqui, mas Branca de Neve, que já foi-se embora com os sete anões, na montanha onde mora, é mil vezes mais linda que todas as lindas que há por aí.
A rainha engoliu em seco. Como ela sabia que o espelho não mentia nunca, compreendeu que o caçador a enganara e que Branca de Neve ainda estava viva. Ficou então pensando sem parar, imaginando que jeito podia dar para matar a menina, porque ela tinha que ser a mulher mais linda do mundo… Se não, a inveja não ia deixá-la em paz. Afinal, acabou fazendo um plano. Sujou o rosto todo e se vestiu como se fosse uma velha vendedora ambulante, para que ninguém pudesse reconhecê-la. Com esse disfarce, atravessou as sete montanhas até a casa dos sete anões, bateu na porta e anunciou:
– Belas coisas para vender! Quem quer comprar? Bonito e barato! Branca de Neve olhou pela janela e perguntou:
– Bom dia, minha boa velha, que é que a senhora tem para vender?
– Corpetes lindos, de todas as cores – respondeu ela. E estendeu um corpete brilhante,
tecido em seda colorida. „Esta senhora tem um ar tão honesto,“ pensou Branca de Neve, „não pode fazer mal
se eu deixar que ela entre…“ Por isso, abriu a porta e comprou o belo corpete.
– Minha filha, você está toda mal-ajambrada! – disse a velha – Venha cá, deixe que eu
dê o laço direito…
Sem desconfiar de nada, Branca de Neve se aproximou dela e deixou que a velha a vestisse e amarrasse o corpete novo. Mas ela teve um gesto tão rápido e apertou tanto o cadarço do colete, que Branca de Neve ficou sem fôlego e caiu como se tivesse morrido.
– Muito bem, – disse a rainha – agora você não é mais a mais linda do mundo.
E foi embora correndo. Um pouco mais tarde, quando caiu a noite, os sete anões voltaram para casa. Ficaram horrorizados ao ver sua adorada Branca de Neve caída no chão! Ela estava tão imóvel que eles pensaram que ela estivesse morta. Levantaram-na com cuidado e, quando viram que a roupa estava apertada demais, cortaram o corpete. Com isso, ela respirou um pouquinho e, bem devagar, foi voltando à vida. Quando os anões ouviram o que tinha acontecido, disseram:
– É claro que essa velha vendedora era a rainha malvada e mais ninguém. Você tem
que ser mais cuidadosa e não pode deixar ninguém entrar em casa. Quando a malvada chegou em casa, foi direto para a frente do espelho perguntar:
– Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país? E o espelho respondeu, como sempre:
– Senhora Rainha, tu és a mais linda que está aqui, mas Branca de Neve, que já foi-se embora com os sete anões, na montanha onde mora, é mil vezes mais linda que todas as lindas que há por aí. Quando ouviu isso, a rainha sentiu um aperto tão grande no peito que parecia que o
sangue ia ferver, pois compreendeu que Branca de Neve ainda estava viva.
– Mas não faz mal… – disse – Desta vez vou pensar em alguma coisa que vai mesmo
destruir você de uma vez por todas… Com a ajuda de uns encantamentos mágicos que conhecia, fez um pente envenenado. Depois se disfarçou de novo, como se fosse outra velhinha. E, mais uma vez,
atravessou as sete montanhas até a casa dos sete anões, bateu na porta e disse:
– Belas coisas para vender! Quem quer comprar? Bonito e barato! Branca de Neve olhou pela janela e disse:
– Vá embora! Não posso deixar ninguém entrar.
– Mas você pode olhar, não pode? – perguntou a velha, mostrando o pente. A menina gostou tanto dele que esqueceu de tudo e abriu a porta. Combinaram o
preço e aí a velha disse:
– Agora eu vou pentear você direitinho.
Sem desconfiar de nada, Branca de Neve ficou bem quieta, deixando que a velha a penteasse, mas, assim que o pente tocou seu cabelo, o veneno fez efeito e ela caiu desmaiada, como se estivesse morta.
– Aí está, minha beleza, – disse a malvada – agora vai ser o seu fim.
E foi-se embora. Mas, felizmente, a noite já vinha caindo e logo os anões chegaram em casa. Quando viram Branca de Neve caída no chão como se estivesse morta, imediatamente desconfiaram da madrasta. Examinaram Branca de Neve com cuidado e encontraram o pente envenenado. Assim que o arrancaram dos cabelos dela, a menina despertou e contou como tudo tinha acontecido. Mais uma vez, eles avisaram que ela precisava ter cuidado e não devia abrir a porta para ninguém. Quando a rainha chegou ao castelo, foi direto para o espelho e perguntou:
– Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país? O espelho respondeu do mesmo jeito que antes:
– Senhora Rainha, tu és a mais linda que está aqui, mas Branca de Neve, que já foi-se
embora com os sete anões, na montanha onde mora, é mil vezes mais linda que todas
as lindas que há por aí. Quando ouviu o espelho dizer isso, ela tremeu e se sacudiu de raiva, gritando:
– Branca de Neve tem que morrer! Mesmo que isto custe a minha própria vida. Então ela foi até um quarto secreto e isolado onde ninguém entrava, nem se sabia que
existia e fez uma maçã muito venenosa. Tinha um aspecto tão bonito por fora, branca
com faces vermelhas, que qualquer pessoa que a visse ia querer comer. Mas qualquer
um que comesse um pedacinho ia morrer. Quando a maçã ficou pronta, ela sujou bem
o rosto e se disfarçou de camponesa.

E, mais uma vez, atravessou as sete montanhas
até a casa dos sete anões. Bateu na porta e Branca de Neve pôs a cabeça para fora
da janela.
– Não posso deixar ninguém entrar. Os anões não querem.
– Não faz mal – disse a camponesa – eu só quero me livrar dessas maçãs. Tome. Eu
lhe dou uma de presente.
– Não posso – disse Branca de Neve – não posso aceitar nada.
– Você está com medo de que esteja envenenada? – perguntou a velha – Bobagem… Veja, vou cortar a maçã pelo meio. Você fica com a banda vermelha e eu fico com a banda branca.
Mas a maçã tinha sido tão bem feita que só a banda vermelha é que tinha veneno. Branca de Neve estava morrendo de vontade de comer a maçã e, quando viu a camponesa dando uma dentada na fruta, não conseguiu resistir. Estendeu a mão e pegou a metade envenenada. Assim que deu uma mordida, caiu morta no chão. A rainha deu um olhar cruel, uma gargalhada terrível e disse:
– Branca como a neve, vermelha como o sangue, negra como o ébano… Desta vez os
anões não vão conseguir reviver você… E, quando chegou ao castelo, perguntou ao espelho:
– Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país? E o espelho finalmente respondeu:
– Senhora Rainha, tu és a mais linda de todo o país.
Então seu coração invejoso ficou sossegado – se é que um coração invejoso pode ficar sossegado. Quando os anões voltaram para casa ao cair da noite, encontraram Branca de Neve caída no chão. Não saía nem um pouco de hálito de sua boca e ela estava morta realmente.
Eles a levantaram, procuraram bem para ver se encontravam alguma coisa venenosa, afrouxaram as roupas dela, despentearam o cabelo, lavaram a menina com água e vinho, mas não adiantou nada – sua bem-amada estava morta e morta ficou. Puseram-na numa maca, sentaram-se todos em volta, choraram e se lamentaram durante três dias. Depois iam enterrá-la. Mas ela ainda tinha aspecto fresco e cheio de vida e continuava com suas lindas bochechas vermelhas.
– Não podemos botar essa menina na terra escura – disseram.
Então fizeram um caixão transparente, de vidro, de modo que ela pudesse ser vista de todos os lados. Deitaram Branca de Neve no caixão e escreveram o nome dela em letras de ouro, acrescentando que ela era filha de um rei. Depois puseram o caixão no alto de uma colina e um deles sempre ficava ao lado, montando guarda. E os pássaros foram chegando e também choraram por Branca de Neve; primeiro uma coruja, depois um corvo e depois uma pomba.
Branca de Neve ficou no caixão por muitos e muitos anos. Ela não se decompunha e parecia dormir, continuando sempre branca como a neve, vermelha como o sangue e negra como o ébano. Até que um dia um príncipe veio por aquela floresta e parou para passar a noite junto à casa dos sete anões.

Viu o caixão no alto da colina, viu a linda Branca de Neve dentro dele, leu as letras de ouro no caixão. Então, disse aos anões:
– Eu quero esse caixão, por favor. Pagarei por ele o quanto vocês pedirem. Mas os anões responderam:
– Não nos separaríamos dele nem por todo o dinheiro do mundo.
– Então, por favor, me dêem o caixão, – insistiu ele – porque não vou poder continuar vivendo se não puder ficar olhando Branca de Neve. Vou honrá-la e respeitá-la para sempre.
Aí os anões ficaram com pena e resolveram dar o caixão a ele. Quando os criados do príncipe o levantaram e foram carregá-lo nos ombros, um deles tropeçou numa raiz.

Com o tropeção, o pedaço envenenado da maçã que ela havia comido se soltou da garganta, Branca de Neve desengasgou, abriu os olhos, levantou a tampa do caixão, sentou e voltou à vida.
– Onde é que eu estou? – perguntou.
– Está comigo! – respondeu o príncipe, todo alegre. Então ele contou o que tinha acontecido e disse:
– Eu amo você mais do que qualquer outra coisa no mundo. Venha comigo até o
castelo de meu pai e vamos nos casar.
Branca de Neve também se apaixonou pelo príncipe e foi com ele. Começaram logo os preparativos para uma festa maravilhosa de casamento. A madrasta malvada de Branca de Neve também foi convidada. Depois de se arrumar toda, com suas roupas mais bonitas, foi para a frente do espelho perguntar:
– Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país? O espelho respondeu:
– Senhora rainha, tu és a mais linda que está aqui, mas a jovem rainha é mil vezes
mais linda que todas as lindas que há por aí. Ouvindo isso, a malvada xingou e amaldiçoou. Ficou tão horrorizada que não sabia o que fazer. Primeiro não queria ir ao casamento, mas não podia resistir à curiosidade de ver a jovem rainha. No momento em que entrou no salão, reconheceu Branca de Neve e ficou tão apavorada que nem conseguiu se mexer. Mas já tinham mandado botar dois sapatinhos de ferro na brasa. Alguém os tirou de lá com umas tenazes e os pôs diante dela, que foi obrigada a calçar os sapatinhos em brasa e dançar até cair morta.

Antecedentes
Interpretações
Língua
„Branca de Neve“ é um dos contos de fadas mais conhecidos escritos pelos Irmãos Grimm. A história explora temas clássicos como a inveja, a beleza e a bondade. O conto começa com uma rainha que deseja ter uma filha que seja „branca como a neve, vermelha como o sangue e negra como o ébano“. Esse desejo se realiza, mas, tragicamente, ela morre após o parto, deixando sua filha, Branca de Neve, sob os cuidados de uma madrasta vaidosa e malvada.
A madrasta possui um espelho mágico que sempre lhe diz que ela é a mais bela até o dia em que Branca de Neve cresce e se torna mais bonita. Consumida pelo ciúme, a rainha planeja assassinar Branca de Neve e pede a um caçador que faça o trabalho. Porém, o caçador, comovido pela beleza e inocência de Branca de Neve, poupa sua vida.
Branca de Neve, então, encontra refúgio na casa de sete anões que trabalham em uma mina. Eles lhe oferecem proteção em troca de que ela cuide de sua casa. A madrasta, ao descobrir que Branca de Neve continua viva, utiliza disfarces e truques para tentar matá-la: primeiro, com um corpete apertado, depois com um pente envenenado, e finalmente, com uma maçã envenenada, que leva Branca de Neve a um estado de morte aparente.
A jovem permanece dormente em um caixão de vidro até ser descoberta por um príncipe, cujo beijo ou tentativa de mover o caixão remove a maçã de sua garganta, ressuscitando-a. O conto termina com um casamento entre Branca de Neve e o príncipe, enquanto a madrasta recebe uma punição cruel por suas ações, dançando até a morte em sapatos de ferro em brasa.
Essa narrativa continua a encantar gerações, destacando-se pela maneira como aborda a luta entre o bem e o mal, a pureza e a corrupção, com um final que restaura a ordem e a justiça.
A história de „Branca de Neve“ dos Irmãos Grimm é um conto de fadas clássico que tem sido reinterpretado de várias maneiras ao longo dos anos. A narrativa gira em torno de temas universais como beleza, inveja, e inocência, além de explorar a dualidade do bem contra o mal.
Psicanalítica: Alguns psicanalistas podem interpretar a história de „Branca de Neve“ através de uma lente freudiana, onde os elementos da história simbolizam a tensão entre diferentes aspectos da psique humana. A madrasta má representa a figura autoritária que impõe padrões de beleza e perfeição, enquanto Branca de Neve representa a pureza e a inocência ameaçada por esses padrões.
Simbologia das Cores: As cores mencionadas frequentemente na história – branco, vermelho e negro – são carregadas de simbolismo. O branco pode representar pureza e inocência, o vermelho pode simbolizar vida, paixão ou até mesmo morte, e o negro pode ser interpretado como luto ou desconhecido. Juntas, essas cores traçam o arco da jornada de Branca de Neve.
Feminismo: Interpretações feministas podem analisar o papel das personagens femininas na narrativa. A rivalidade entre Branca de Neve e sua madrasta pode ser vista como um reflexo da pressão social sobre mulheres para competirem com base em sua aparência. Além disso, a ausência de figuras femininas de apoio ressalta a competição imposta às mulheres.
Ritos de Passagem: A história pode ser vista como um rito de passagem para Branca de Neve, onde ela passa da infância (inocência) para a idade adulta, após confrontar desafios e maldades do mundo e encontrar sua posição no mundo.
Crítica Social: Em uma interpretação mais moderna, o espelho pode ser entendido como uma crítica à superficialidade e narcisismo da sociedade, onde a beleza exterior é constantemente validada e procurada.
Relevância e Adaptações:
O conto de „Branca de Neve“ continua relevante por seus temas atemporais e profundo simbolismo. Além disso, adaptações modernas em filmes e séries de televisão têm atualizado a narrativa para refletir questões contemporâneas enquanto mantêm sua essência mágica e moral.
Cada leitura ou interpretação dos contos de fadas dos irmãos Grimm, incluindo „Branca de Neve“, revela novas camadas de significado que ressoam com as audiências em diferentes tempos e culturas. Isso mantém a história viva e persistente como parte da herança cultural global.
Análise linguística do conto de fadas „Branca de Neve“ – Irmãos Grimm
O conto de fadas „Branca de Neve“, dos Irmãos Grimm, é uma narrativa cheia de simbolismo e carregada de elementos linguísticos que conferem beleza e tensão à história. Vamos analisar alguns aspectos linguísticos presentes no texto:
Uso de Comparações e Metáforas: Desde o início, o texto faz uso de comparações vívidas, como quando a rainha deseja uma filha „branca como a neve, vermelha como o sangue e negra como a madeira da moldura desta janela“. Essas comparações ajudam a criar imagens fortes na mente do leitor e acentuam as características físicas excepcionais de Branca de Neve.
Diálogos Rítmicos: As perguntas repetitivas da rainha ao espelho („Espelho, espelho, vem já e me diz, quem é a mais linda de todo o país?“) criam uma sensação de ritmo e ritual, sublinhando a obsessão crescente da rainha. Essa repetição também estabelece uma expectativa no leitor a cada vez que ocorre.
Personificação e Mágica: Elementos mágicos, como o espelho falante, contribuem para o encantamento do conto. O espelho é personificado, tornando-se uma entidade com a capacidade de responder e influenciar os eventos da história.
Simbologia das Cores: O uso das cores é significativo e simbólico. O branco representa pureza e inocência; o vermelho, vida e sangue; e o negro, mistério e talvez a maldição que envolve os eventos do conto. Branca de Neve incorpora todas essas características em sua própria existência.
Opostos e Contrastes: Existem constantes contrastes na narrativa, como a beleza exterior versus a maldade interior da rainha, e a pureza de Branca de Neve contra o mundo cruel. Esses opostos realçam os temas de beleza, inveja e bondade.
Estrutura Simples e Repetição: A estrutura do conto é relativamente simples, mas a repetição de eventos (as três tentativas da rainha de matar Branca de Neve) cria uma sensação de perigo crescente e inevitabilidade. Essa estrutura repetitiva é frequente em contos de fadas, ajudando a enfatizar a moral da história.
Descrição Vistosa e Imaginativa: As descrições são visualmente ricas, como a cena dos anões descobrindo Branca de Neve em sua casa, cada um reagindo às suas coisas fora do lugar. Essa descrição pitoresca não só aumenta a imersão do leitor, mas também humaniza e caracteriza os anões.
Moralidade e Justiça: O conto termina com uma punição severa para a rainha malvada, uma característica comum de contos de fadas, onde a moralidade é frequentemente ressaltada através de consequências claras e, às vezes, extremas.
Em conclusão, o conto de „Branca de Neve“ é engenhosamente construído com uma variedade de dispositivos linguísticos que criam um mundo mágico e moralista, repleto de simbolismo e lições sobre vaidade, inveja e virtude.
Informação para análise científica
Indicador | Valor |
---|---|
Número | KHM 53 |
Aarne-Thompson-Uther Índice | ATU Typ 709 |
Traduções | DE, EN, EL, DA, ES, FR, PT, FI, HU, IT, JA, NL, PL, RO, RU, TR, VI, ZH |
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson | 28.6 |
Flesch-Reading-Ease Índice | 41.8 |
Flesch–Kincaid Grade-Level | 10.6 |
Gunning Fog Índice | 13 |
Coleman–Liau Índice | 9.2 |
SMOG Índice | 12 |
Índice de legibilidade automatizado | 5 |
Número de Caracteres | 17.236 |
Número de Letras | 13.324 |
Número de Sentenças | 243 |
Número de Palavras | 3.136 |
Média de Palavras por frase | 12,91 |
Palavras com mais de 6 letras | 491 |
percentagem de palavras longas | 15.7% |
Número de Sílabas | 5.632 |
Média de Sílabas por palavra | 1,80 |
Palavras com três sílabas | 617 |
Percentagem de palavras com três sílabas | 19.7% |