Tempo de leitura para crianças: 3 min
Era uma vez uma moça muito linda, mas preguiçosa e desleixada. Quando a obrigavam a fiar, ficava tão irritada que, em vez de desfazer, pacientemente, os nós que se encontravam no linho, arrancava logo um punhado e jogava-o ao chão, todo emaranhado. Ora, tinha a moça uma criada muito laboriosa e prestimosa, que recolhia o linho posto fora, o desembaraçava e o fiava; depois mandou-a a uma tecelã, que o teceu e fez um lindo vestido. A moça desperdiçada foi pedida em casamento por um jovem distinto, devendo-se, portanto, realizar dentro em breve as bodas. Na véspera da solenidade, a criada diligente dançava muito satisfeita com o belo vestido novo. Então, a noiva disse:
– Que tal essa moça, que aí se dobra,
e dança vestindo as minhas sobras?…
Ouvindo isso, o noivo, intrigado, pediu que lhe explicasse o que significava. A noiva, então, lhe explicou que a moça vestia um vestido feito com as sobras do linho que ela rejeitara. O noivo refletiu no que ela disse; então percebeu quanto ela era preguiçosa e desleixada, ao passo que a outra era laboriosa e diligente. Desfez o noivado e, deixando a noiva, foi ter com a prestimosa criadinha e tomou-a por esposa.

Antecedentes
Interpretações
Língua
„A Desperdiçada“ é um conto de fadas dos Irmãos Grimm, que nos ensina lições sobre o valor do trabalho árduo, a responsabilidade e as consequências do desperdício. A história gira em torno de uma jovem bela, mas preguiçosa e descuidada, que constantemente joga fora linho emaranhado em vez de desembaraçá-lo e fiá-lo. Sua criada, ao contrário, recolhe o linho descartado, desembaraça-o, fia-o e manda tecê-lo, transformando-o em um lindo vestido.
A jovem preguiçosa está prestes a se casar com um jovem distinto, mas o comportamento laborioso da criada acaba chamando a atenção do noivo. Quando a noiva despreza a criada por dançar alegremente com seu vestido novo feito das „sobras“, o noivo, intrigado, pede uma explicação. Ao saber que o vestido da criada foi feito a partir do linho rejeitado pela noiva, o noivo percebe as verdadeiras qualidades das duas jovens.
Reconhecendo a preguiça e o descuido da noiva, ele decide romper o noivado. Em vez disso, opta por se casar com a criada, que demonstrou diligência e apreço pelo trabalho, reconhecendo seu valor e virtudes. Esta reviravolta ressalta como as virtudes do trabalho e dedicação são valorizadas e recompensadas, enquanto a preguiça e o desperdício levam à perda de oportunidades e reconhecimento.
Essa história dos Irmãos Grimm, „A Desperdiçada“, oferece uma interessante reinterpretação dos contos de fadas tradicionais, destacando valores como diligência e trabalho árduo, em contraste com preguiça e desperdício.
Na narrativa, a beleza física da protagonista inicialmente parece ser sua principal virtude, uma característica comum em contos de fadas onde a aparência muitas vezes desempenha um papel central. No entanto, a beleza dela é ofuscada por seu comportamento desleixado e pela falta de apreço pelo trabalho manual e pelos recursos disponíveis, simbolizado pelo linho que ela desperdiça.
Por outro lado, a criada, que à primeira vista poderia parecer uma personagem secundária, destaca-se através de sua ética de trabalho e habilidade. Apesar de não possuir a beleza da moça desperdiçada, sua dedicação, paciência e capacidade de transformar „sobras“ em algo valioso são virtudes que acabam por atrair a atenção e o respeito do jovem distinto.
O noivo, que inicialmente estava encantado pela aparência da protagonista, percebe, ao tomar conhecimento do verdadeiro caráter de ambas as mulheres, que o valor reside em qualidades internas e não superficiais. Esse despertar conduz à sua decisão de romper o noivado e escolher como esposa a moça trabalhadora e diligente.
A moral da história enfatiza a importância do trabalho árduo, da diligência e do aproveitamento dos recursos. Diferente de muitas histórias onde a beleza externa é recompensada, aqui fica claro que são as qualidades internas e o caráter que determinam o verdadeiro valor de uma pessoa.
Esse conto também pode ser visto como uma crítica social sobre a importância de valorizar aqueles que, apesar de estarem nos bastidores, realizam um trabalho essencial e frequentemente ignorado. A criada, com suas ações simples mas eficazes, demonstra que o valor de uma pessoa vai muito além da aparência superficial ou do status social, focando em suas contribuições e esforços sinceros.
A análise linguística do conto de fadas „A Desperdiçada,“ dos Irmãos Grimm, revela aspectos interessantes tanto na estrutura narrativa quanto nas características das personagens e temas.
Estrutura Narrativa: A narrativa segue uma estrutura linear e direta, típica dos contos de fadas, onde eventos são apresentados sequencialmente. Inicia-se com uma introdução ao cenário e às personagens principais, segue pelo desenvolvimento dos conflitos e culmina com a resolução final.
A Moça Desperdiçada: Representa as características de preguiça e desleixo. Sua atitude de descartar o linho sem pensar nas consequências simboliza a falta de apreciação pelo trabalho e pelos recursos.
A Criada: Em contraste, é trabalhadora e cuidadosa. Sua dedicação ao reaproveitar o que estava destinado ao desperdício é vista como uma virtude.
O Noivo: É inicialmente neutro, mas representa o juiz moral que avalia as duas mulheres e, finalmente, valoriza o trabalho e a diligência ao escolher a criada com sua esposa.
Trabalho vs. Preguiça: O conto opõe o valor do trabalho árduo à preguiça, mostrando que a dedicação e o cuidado levam à recompensa.
Consequências das Ações: As ações da moça preguiçosa levam à perda do noivo, enquanto o trabalho da criada é recompensado com o casamento.
Recompensa da Virtude: O conto segue o tema clássico da recompensa pelo comportamento virtuoso, comum nos contos dos Irmãos Grimm.
Linguagem: A linguagem é simples e direta, característica dos contos de fadas, facilitando o entendimento e transmissão oral. Utiliza elementos de diálogo para revelar traços de caráter, como a fala da noiva que expõe sua arrogância. Há um uso de contraste entre ações e resultados para enfatizar a moral da história.
Moral Implícita: O conto promove a ideia de que a verdadeira beleza e mérito se encontram na diligência e na capacidade de aproveitar recursos, em vez de desperdiçar o que é valioso.
Este conto, como muitos dos Irmãos Grimm, oferece uma lição moral clara, além de entreter, proporcionando ensinamentos sobre ética, trabalho e justiça.
Informação para análise científica
Indicador | Valor |
---|---|
Número | KHM 156 |
Aarne-Thompson-Uther Índice | ATU Typ 1451 |
Traduções | DE, EN, DA, ES, FR, PT, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH |
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson | 42.5 |
Flesch-Reading-Ease Índice | 16 |
Flesch–Kincaid Grade-Level | 12 |
Gunning Fog Índice | 18.7 |
Coleman–Liau Índice | 10.6 |
SMOG Índice | 12 |
Índice de legibilidade automatizado | 9.9 |
Número de Caracteres | 1.171 |
Número de Letras | 919 |
Número de Sentenças | 10 |
Número de Palavras | 205 |
Média de Palavras por frase | 20,50 |
Palavras com mais de 6 letras | 45 |
percentagem de palavras longas | 22% |
Número de Sílabas | 412 |
Média de Sílabas por palavra | 2,01 |
Palavras com três sílabas | 54 |
Percentagem de palavras com três sílabas | 26.3% |