Childstories.org
  • 1
  • Contos bonitas
    para crianças
  • 2
  • Ordenado por
    tempo de leitura
  • 3
  • Perfeito para
    ler em voz alta
A bola de cristal
Grimm Märchen

A bola de cristal - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 9 min

Houve, uma vez, uma feiticeira que tinha três filhos, os quais se amavam extremosamente. Mas a velha não confiava neles e vivia a desconfiar de que pretendiam expropriá-la. Então transformou o mais velho numa águia, a qual tinha de viver nos píncaros rochosos e só, às vezes, era vista descrevendo grandes círculos no espaço, descendo e subindo com as largas asas abertas. Ao segundo filho, transformou numa baleia que vivia nas profundezas do mar, podendo ser vista só quando subia à tona e de suas costas saía um repuxo de água que espirrava à grande altura. Foram concedidas aos dois apenas duas horas por dia, nas quais podiam retomar seu aspecto humano. O terceiro filho, temendo que a mãe o transformasse, também, nalgum animal feroz, urso ou lobo, fugiu de casa às escondidas. Ele ouvira contar que no castelo do Sol de Ouro havia uma princesa encantada, que aguardava a sua libertação; mas se alguém tentasse libertá-la arriscaria a vida. Vinte e três rapazes já haviam perecido deploravelmente; ainda um podia apresentar-se e, depois desse, mais ninguém. Sendo um rapaz destemido e arrojado, resolveu ele procurar o castelo do Sol de Ouro. Depois de andar muito tempo, sem conseguir encontrá-lo, foi parar numa grande floresta; tendo-se extraviado, não sabia como sair dela. De repente, avistou ao longe dois gigantes acenando-lhe com a mão e, quando se lhes aproximou, disseram-lhe:

– Estamos brigando por causa de um chapéu; queremos saber a quem de direito deve pertencer. Como somos os dois de igual força, nenhum pode vencer o outro. Os homens pequenos são mais inteligentes do que nós, por isso pedimos que tu decidas. – Como é possível engalfinhar-se assim, por causa de um simples chapéu? – disse ele. – E‘ que não conheces as propriedades que possui; esse é um chapéu mágico; quem o põe na cabeça, chega, no mesmo instante, a qualquer lugar que deseje. – Dai-me um pouco esse chapéu! – disse o rapaz; – vou andar até àquela distância e, quando vos chamar, correi os dois juntos; quem chegar primeiro ganhará o chapéu. Pegou o chapéu, botou-o na cabeça e foi andando, andando. Mas, pensando sempre na princesa, exalou um suspiro do fundo da alma e murmurou:

– Ah, quem me dera estar no castelo do Sol de Ouro! Mal lhe saíram da boca essas palavras, eis que se achou no cume de uma montanha, bem em frente à porta do castelo. Sem hesitar, penetrou no castelo e foi atravessando todos os aposentos até chegar a uma sala onde estava a princesa. Mas como se espantou ao vê-la! tinha o rosto de uma cor cinzenta e cheio de rugas, os olhos torvos e os cabelos vermelhos. Sem se poder conter, exclamou:

– Então, sois vós a princesa cuja beleza é exaltada no mundo inteiro? – Oh, – respondeu ela – esta não é a minha fisionomia real! Os olhos humanos só podem ver-me assim deformada, mas, se queres saber como sou realmente, olha naquele espelho: ele não engana e te mostrará a minha verdadeira imagem. Assim dizendo, apresentou-lhe um espelho e o rapaz, olhando para ele, viu refletida a imagem da mais linda moça que pudesse existir no mundo. E viu lágrimas de intenso sofrimento escorrendo-lhe pelas faces. Então perguntou:

– Que posso fazer para te libertar desse encanto? Dize, pois eu não temo coisa alguma. A princesa disse-lhe:

– Quem conseguir apoderar-se da bola de cristal e apresentá-la ao feiticeiro, anulará o seu poder e eu readquirirei o meu verdadeiro aspecto. – Mas acrescentou: – Muitos já encontraram a morte por tê-lo tentado! Lamento, imensamente, que tu, tão jovem, queiras expor-te a tão graves perigos. – Nada poderá deter-me, – respondeu o rapaz; – dize-me, porém, que devo fazer para me apoderar da bola de cristal. – Já vais saber tudo; – disse a princesa. – Se quiseres descer a montanha onde está o castelo, lá embaixo, perto de um manancial, encontrarás um feroz bisão, com o qual terás de lutar. Se conseguires matá-lo sairá dele um pássaro de fogo, voando, o qual tem no corpo um ôvo incandescente; nesse ôvo, no lugar da gema, está a bola de cristal. Mas o pássaro não deixa cair o ôvo se não for violentamente obrigado a isto; além disso, se o ôvo cair no chão, quebra-se e incendeia tudo à sua volta, destruindo-se no fogo juntamente com a bola de cristal; de maneira que, nesse caso, todo o teu trabalho terá sido inútil. O rapaz desceu até ao manancial onde se encontrava o bisão, o qual o recebeu bufando e resfolegando, ameaçador. No mesmo instante, travou-se entre os dois uma tremenda luta e o rapaz conseguiu enterrar-lhe a espada no ventre, prostrando morta a terrível fera, Imediatamente saiu voando o pássaro de fogo, procurando elevar- se no espaço; mas a águia, que era o irmão do rapaz, chegou nesse momento através das nuvens, investiu contra o pássaro e com o bico adunco empurrou-o para o mar. A ave, vendo-se em perigo, deixou cair o ôvo. Mas o ôvo não caiu no mar; caiu sobre uma choupana de pescadores situada na praia. Caindo em cima dela, imediatamente se elevou uma nuvem de fumaça e ateou- se o fogo; então se elevaram no mar ondas da altura de uma casa, despejaram-se sobre a choupana e extinguiram o fogo. Fora obra do outro irmão, transformado em baleia, que, vendo o fogo, sublevara as ondas. Depois de extinto o incêndio, o rapaz foi em busca do ôvo e, por grande sorte, o achou. Não tivera tempo de derreter-se, mas a casca incandescente, esfriada repentinamente pela água gelada, partira-se toda. Assim lhe foi possível extrair a bola de cristal. Quando, finalmente, foi ter com o feiticeiro e exibiu a bola de cristal ao seu olhar, o bruxo disse-lhe:

– Meu poder está anulado; de hoje em diante serás o rei neste castelo do Sol de Ouro. E tens poder, também, de restituir a teus irmãos a forma humana. Então o rapaz correu para junto da princesa e, ao entrar na sala em que se achava, ela surgiu-lhe pela frente em todo o esplendor de sua radiosa beleza. Cheios de alegria, trocaram as alianças que os devia unir e viveram na mais perfeita felicidade.

LanguagesLearn languages. Double-tap on a word.Learn languages in context with Childstories.org and Deepl.com.

Antecedentes

Interpretações

Língua

„A Bola de Cristal“ é um conto dos Irmãos Grimm que explora temas clássicos de transformação, coragem e libertação. No conto, uma feiticeira desconfiada transforma dois de seus três filhos em animais, mas o terceiro foge, temendo um destino semelhante. Ele busca libertar uma princesa encantada cujo verdadeiro aspecto é oculto por um feitiço. Para isso, precisa recuperar uma bola de cristal guardada dentro de um ovo incandescente que um pássaro de fogo carrega.

Em sua jornada, o rapaz recebe ajuda inesperada de seus irmãos transformados — a águia e a baleia — que desempenham papéis cruciais na recuperação do ovo e na neutralização das forças que ameaçam sua missão. O conto culmina na quebra do feitiço maligno do feiticeiro e na restauração da princesa à sua verdadeira forma, além da devolução da forma humana aos irmãos do protagonista.

O conto ressalta a importância da fraternidade, da destreza e do valor pessoal, e termina com a vitória do bem sobre o mal, uma característica comum nos contos de fadas clássicos. Além disso, a história oferece um olhar sobre a importância de amizade e família, mostrando como o amor e a união entre irmãos podem superar mesmo os desafios mais formidáveis.

„A Bola de Cristal“ dos Irmãos Grimm é um conto que, como muitos outros contos de fadas, oferece inúmeras interpretações, dependendo do que o leitor deseja explorar.

A jornada do herói: O terceiro filho representa o arquétipo do herói que parte em uma jornada de autodescoberta e superação. Ele enfrenta desafios, usa astúcia para resolver problemas (como enganar os gigantes), e no fim, consegue libertar a princesa e seus irmãos, provando sua coragem e determinação.

União e fraternidade: A relação entre os irmãos é um elemento central. Apesar das transformações e dificuldades, eles se ajudam e apoiam mutuamente. A águia e a baleia, simbolizações dos irmãos, intervêm de maneira crucial para permitir que o herói conclua sua missão. Isso mostra a força dos laços familiares e a importância da cooperação.

Superação do medo e da desconfiança: A história começa com uma mãe desconfiada que transforma seus filhos por medo de ser traída. Sua desconfiança leva a consequências drásticas. O conto sugere que a confiança e a compreensão poderiam ter evitado a tragédia inicial.

A luta entre o bem e o mal: A feiticeira e o feiticeiro representam forças malignas que aprisionam e limitam os personagens. A vitória final do herói é vista como um triunfo do bem sobre o mal, uma mensagem comum em contos de fadas que ensina sobre a recompensa da virtude e da bravura.

Transformação e resiliência: As transformações dos irmãos em animais podem ser vistas como metáforas para desafios pessoais ou períodos de provação. A capacidade de retornar à forma humana simboliza a resiliência e a capacidade de superar dificuldades.

Busca pela identidade e realização pessoal: A história do príncipe que busca libertar a princesa pode simbolizar a busca interna por significado e realização. A princesa, cujo verdadeiro eu está oculto por um encantamento, representa aquela parte de nós que busca ser reconhecida e aceita.

A importância do olhar verdadeiro: A princesa é vista inicialmente como velha e feia, mas um espelho revela sua verdadeira beleza. Isso pode simbolizar a necessidade de enxergar além das aparências para encontrar a verdade e a essência de cada ser.

Essas interpretações mostram como „A Bola de Cristal“, embora seja um conto destinado a entreter, também pode oferecer lições valiosas sobre a vida, moldadas pela imaginação e pelos contextos culturais em que são contadas.

„A bola de cristal“ é um conto de fadas que traz muitos dos elementos clássicos encontrados nas histórias dos Irmãos Grimm, como a presença de magia, transformações, desafios a serem superados e uma moral no final.

Introdução ao cenário e personagens: O conto começa com a apresentação dos personagens principais: a feiticeira e seus três filhos. Desde o início, há um conflito estabelecido entre a mãe e os filhos, com a desconfiança da feiticeira levando às transformações mágicas dos filhos mais velhos.

Desenvolvimento do enredo e jornada do herói: O filho mais novo, ao fugir do destino temido (a transformação), embarca em uma jornada típica do herói. Esta jornada é marcada por encontros com personagens mágicos (os gigantes) e pela busca do castelo do Sol de Ouro.

Clímax: O ponto alto da narrativa é o confronto com o bisão e o subsequente conflito indireto entre a águia (seu irmão) e o pássaro de fogo, que envolve uma série de eventos desencadeantes, como a queda do ovo e o incêndio subsequente.

Desfecho: A resolução chega quando a bola de cristal é recuperada e o poder do feiticeiro é neutralizado. Conduz a um final feliz com a restauração da forma humana dos irmãos, a libertação da princesa e a celebração da união amorosa.

Transformação: As transformações dos irmãos em águia e baleia são significativas, pois simbolizam a perda do poder humano e também contribuem para o reforço da trama mágica da narrativa.

Prova e Coragem: A narrativa está profundamente ligada à ideia de enfrentar desafios e provações, onde a coragem e a inteligência do protagonista são as principais ferramentas para a vitória.

Resgate e Libertação: Um tema comum em contos de fadas é a libertação de encantamentos, o que também evoca a noção de mudança e renovação.

Simplicidade e Clareza: A linguagem do conto é direta e clara, o que é característico dos contos de fadas, que são projetados para serem acessíveis a todas as idades.

Descrição Vívida: Há uma ênfase em descrições vívidas, especialmente durante as cenas de ação (o confronto com o bisão e as transformações visuais da princesa).

Diálogos Reveladores: Os diálogos são usados para revelar importantes elementos do enredo, como as instruções da princesa ou a disputa dos gigantes pelo chapéu mágico.

Moral Implícita: Embora muitos contos dos Irmãos Grimm não apresentem uma moral explícita, eles frequentemente demonstram valores positivos, como coragem, fraternidade e justiça, que são demonstrados aqui pelo desfecho positivo após as adversidades serem superadas.

Relações Familiares: Há uma tensão inicial entre a feiticeira e os filhos, que, no fim, é resolvida com a restauração da forma humana dos irmãos. Isso sugere uma reconciliação e a importância dos laços familiares.

„A bola de cristal“ é um conto que encapsula o poder dos contos de fadas para ensinar lições através de narrativas fantásticas e envolventes. Ele usa elementos de transformação mágica e o arquétipo do herói para transmitir mensagens sobre coragem, amor e redenção.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 197
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 552A
TraduçõesDE, EN, ES, PT, HU, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson38.7
Flesch-Reading-Ease Índice28.1
Flesch–Kincaid Grade-Level12
Gunning Fog Índice17.2
Coleman–Liau Índice10.3
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado8.5
Número de Caracteres5.937
Número de Letras4.649
Número de Sentenças58
Número de Palavras1.049
Média de Palavras por frase18,09
Palavras com mais de 6 letras216
percentagem de palavras longas20.6%
Número de Sílabas1.989
Média de Sílabas por palavra1,90
Palavras com três sílabas263
Percentagem de palavras com três sílabas25.1%
Perguntas, comentários ou relatórios de experiência?

Os melhores contos de fadas

Direito autoral © 2025 -   Sobre nós | Proteção de dados |Todos os direitos reservados Apoiado por childstories.org

Keine Internetverbindung


Sie sind nicht mit dem Internet verbunden. Bitte überprüfen Sie Ihre Netzwerkverbindung.


Versuchen Sie Folgendes:


  • 1. Prüfen Sie Ihr Netzwerkkabel, ihren Router oder Ihr Smartphone

  • 2. Aktivieren Sie ihre Mobile Daten -oder WLAN-Verbindung erneut

  • 3. Prüfen Sie das Signal an Ihrem Standort

  • 4. Führen Sie eine Netzwerkdiagnose durch