Childstories.org
  • 1
  • Contos bonitas
    para crianças
  • 2
  • Ordenado por
    tempo de leitura
  • 3
  • Perfeito para
    ler em voz alta
O termo da vida
Grimm Märchen

O termo da vida - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 6 min

Quando Deus criou o mundo e quis determinar a todas as criaturas o termo da vida de cada um, apresentou-se-lhe o burro e perguntou:

– Senhor, quanto tempo viverei?

– Trinta anos, – respondeu o Senhor; – está bem? – Ah, Senhor, – volveu o burro, – é muito tempo! Pensai na minha vida, árdua e penosa; desde manhã até à noite, todos os dias, tenho que carregar enormes pesos, arrastar sacas de grãos ao moinho para que os outros tenham o pão para comer e, como único estímulo e recompensa, só recebo pancadas e pontapés! Por favor, reduzi uma parte desse longo tempo! Compadecendo-se do pobre burro, Deus reduziu-lhe dezoito anos. Assim confortado, o burro foi-se embora mais animado e, logo depois, apresentou-se o cão. – Quanto tempo desejas viver? – perguntou-lhe o bom Deus: – ao burro dei trinta anos, mas pareceram- lhe demais; creio, porém, que tu ficarás contente! – Senhor, – retorquiu o cão, – é essa a vossa vontade? Pensai quanto terei de correr! Os meus pés não aguentarão tanto tempo! E se vier a perder a voz para latir e os dentes para morder, que mais me restará a fazer senão andar rosnando de um canto para outro? Deus achou que ele tinha razão e reduziu-lhe doze anos. Em seguida, apresentou-se o macaco perguntando a mesma coisa. – Tu, com toda a certeza, gostarás de viver trinta anos! – disse-lhe Deus, – não precisas trabalhar tanto como o burro e o cão e estás sempre satisfeito! – Assim parece, Senhor, mas não é; – respondeu o macaco. – Quando chove o maná falta-me a colher. Sou obrigado a fazer sempre momices e caretas para divertir os outros e a maçã que porventura me oferecem tem sabor muito azedo quando a como. Quantas vezes, o gracejo oculta a mágoa! Não, Senhor, não poderei resistir durante trinta anos. Deus apiedou-se dele e reduziu-lhe dez anos. Por último apareceu o homem; estava alegre, sadio e bem disposto; pediu a Deus que determinasse o prazo de sua existência. – Viverás trinta anos, – disse o Senhor; – achas bastante? – Que existência breve! – exclamou o homem. – Quando tiver construído a casa e no fogão crepitarem alegremente as chamas, as árvores que plantei produzirem flores c frutos, eu me alegrarei pensando que irei gozar de todos esses benefícios e então expira o meu prazo e terei de morrer! ô Senhor, prolongai um pouco mais a minha vida! – Pois bem, – respondeu-lhe o Senhor. – dar-te-ei mais os dezoito anos que deduzi do burro! – Não bastam ainda! – replicou o homem. – Terás mais os doze anos deduzidos do cão! – É sempre muito pouco. – Bem, – tornou Deus; – acrescentarei também os dez anos deduzidos ao macaco, porém nem mais um. O homem foi-se, contudo não estava satisfeito. Assim, pois, o homem vive setenta anos. Os primeiros trinta são os anos humanos e passam depressa: ele é sadio, alegre, trabalha com boa disposição e sente-se feliz de estar no mundo. Depois vêm os dezoito anos do burro, os quais lhe impõe uma carga após outra: tem de carregar o trigo que alimentará os outros e, como recompensa pelo seu trabalho, receberá as pancadas e os pontapés. Em seguida, vêm os doze anos do cachorro; ele é relegado para o canto, e só pode rosnar uma vez que não tem mais dentes para morder. E, passado o tempo do cachorro, os últimos dez anos são a conclusão da sua vida: então perde a memória, fica tolo, só faz bobagens e torna-se alvo da caçoada geral.

LanguagesLearn languages. Double-tap on a word.Learn languages in context with Childstories.org and Deepl.com.

Antecedentes

Interpretações

Língua

Esse conto dos Irmãos Grimm oferece uma reflexão interessante sobre as fases da vida humana por meio de uma alegoria envolvendo diferentes animais. A narrativa aborda a questão de quanto tempo cada criatura deve viver, com cada animal expressando descontentamento com o tempo inicialmente oferecido por Deus, solicitando reduções de vida por razões específicas ligadas ao seu modo de viver e suas dificuldades.

O burro se queixa do trabalho árduo e do pouco reconhecimento, enquanto o cão teme perder suas funções e habilidades ao longo dos anos, e o macaco lamenta a superficialidade de sua existência, repleta de aparências e satisfação dos outros. Por outro lado, o homem deseja estender sua vida além dos trinta anos iniciais, almejando tempo suficiente para aproveitar suas conquistas e realizações pessoais.

Deus concede então ao homem os anos subtraídos dos outros animais, totalizando setenta anos de vida, divididos simbolicamente em fases distintas:

Os primeiros 30 anos: Correspondem aos anos humanos „propriamente ditos“, onde a saúde, a alegria e a disposição para o trabalho predominam. É a fase de construção e realização.

Os 18 anos seguintes: Equivalem aos anos do burro, marcados por cargas e responsabilidades crescentes, onde o esforço de trabalho é intenso e por vezes ingrato.

Os 12 anos seguintes: Remetem aos anos do cão, trazendo consigo um período de declínio físico, onde o vigor diminui e há uma sensação de marginalização e impotência.

Os últimos 10 anos: Correspondem aos anos do macaco, em que a perda de capacidades cognitivas e físicas torna o homem objeto de caçoada e menosprezo, simbolizando uma espécie de retorno à inocência e dependência infantil.

Essa construção alegórica sugere uma visão cíclica e crítica das diferentes fases da vida e dos desafios e transformações que cada uma carrega. É uma reflexão sobre a mortalidade humana e como cada fase da vida traz suas próprias características e desafios, muitas vezes em analogia com os comportamentos e papéis sociais dos animais apresentados.

Este conto dos Irmãos Grimm, „O termo da vida“, oferece uma interpretação alegórica sobre a duração da vida humana e as diferentes etapas pelas quais as pessoas passam. A narrativa começa com Deus distribuindo a expectativa de vida para várias criaturas: burro, cão, macaco e, finalmente, o homem. Cada animal, enfrentando as dificuldades e limitações de sua existência, pede a Deus que reduza seus anos de vida, e Deus atende a esses pedidos.

Quando chega a vez do homem, ele considera insuficiente o período de trinta anos inicialmente oferecido por Deus, o que reflete seu desejo por uma vida mais longa para aproveitar suas conquistas e prazeres. Assim, Deus concede ao homem mais anos, mas estes são emprestados das vidas do burro, do cão e do macaco. Anos Humanos (0-30 anos): Associados à juventude e idade adulta jovem, quando a pessoa é saudável, cheia de vitalidade e capacidade para trabalhar, construir e desfrutar das coisas boas da vida.

Anos do Burro (30-48 anos): Uma fase da vida em que o trabalho se torna mais central e árduo, e o indivíduo pode sentir o peso das responsabilidades e obrigações, similar à carga que o burro carrega.

Anos do Cão (48-60 anos): Nesta fase, o indivíduo pode sentir-se marginalizado ou menos útil, semelhante ao cão que é relegado a um canto e começa a perder as suas capacidades.

Anos do Macaco (60-70 anos): Refletem a velhice, onde a saúde e a acuidade mental podem deteriorar-se, levando o indivíduo a ser visto como uma figura de tolice, como um macaco que faz caretas para diversão alheia.

Este conto, através de sua simplicidade e simbolismo, reflete sobre a natureza cíclica da vida e como cada fase traz suas próprias características e desafios. Ele convida à reflexão sobre como se encara o envelhecimento e o valor que se atribui às diferentes fases da vida.

Este conto de fadas dos Irmãos Grimm, „O Termo da Vida“, é uma narrativa alegórica que explora a vida humana através das perspectivas de diferentes animais e suas características associadas. Cada animal apresenta uma visão única da vida, e suas queixas refletem preocupações humanas universais sobre o trabalho, o envelhecimento e a morte. Através da personificação, o conto oferece uma reflexão sobre o ciclo da vida de uma forma lúdica e imaginativa.

Diálogo e Interatividade: A narrativa é fortemente dialogada, com as personagens (o burro, o cão, o macaco e o homem) interagindo diretamente com Deus. Isso dá ao leitor uma sensação de proximidade e envolvimento com os dilemas apresentados.

Personificação e Metáfora: Os animais são personificados, recebendo características humanas como a fala e a expressão de desejos e insatisfações. Cada animal simboliza diferentes fases ou aspectos da vida humana:
– O burro representa o trabalho árduo e a resistência. O cão expressa o cansaço com o tempo e a perda de capacidades. O macaco retrata a superficialidade das alegrias e a dissimulação das mágoas. O homem anseia por mais tempo e pelos prazeres da vida, mas também enfrenta as limitações impostas pelo tempo.

Estrutura Temporal: A vida humana é dividida em „anos humanos“, „anos do burro“, „anos do cachorro“ e „anos do macaco“. Essa divisão cria uma metáfora para as diferentes fases da vida: juventude, idade produtiva/madura, envelhecimento e a fase final marcada pela decrepitude.

Tema e Moral: O conto reflete sobre a insatisfação humana com a finitude da vida e a constante busca por mais tempo, independentemente do que esse tempo traga. A moral implícita pode ser uma crítica ao desejo humano de prolongar a vida sem considerar as qualidades desse tempo adicional que se anseia.

Linguagem e Tom: A linguagem é simples e direta, típica das narrativas de fadas, mas também irônica e reflexiva. O tom é simultaneamente leve e filosófico, com um humor sutil presente nas queixas dos animais e na ironia final sobre a vida humana.

No geral, „O Termo da Vida“ usa a estrutura dos contos de fadas para oferecer uma meditação sobre o ciclo da vida e a inexorável passagem do tempo, convidando o leitor a refletir sobre o valor dos anos vividos e o que significa realmente viver plenamente.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 176
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 173 und 828
TraduçõesDE, EN, DA, ES, FR, PT, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson31
Flesch-Reading-Ease Índice37.3
Flesch–Kincaid Grade-Level11.4
Gunning Fog Índice13.6
Coleman–Liau Índice10
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado6
Número de Caracteres3.332
Número de Letras2.562
Número de Sentenças43
Número de Palavras584
Média de Palavras por frase13,58
Palavras com mais de 6 letras102
percentagem de palavras longas17.5%
Número de Sílabas1.075
Média de Sílabas por palavra1,84
Palavras com três sílabas119
Percentagem de palavras com três sílabas20.4%
Perguntas, comentários ou relatórios de experiência?

Os melhores contos de fadas

Direito autoral © 2025 -   Sobre nós | Proteção de dados |Todos os direitos reservados Apoiado por childstories.org

Keine Internetverbindung


Sie sind nicht mit dem Internet verbunden. Bitte überprüfen Sie Ihre Netzwerkverbindung.


Versuchen Sie Folgendes:


  • 1. Prüfen Sie Ihr Netzwerkkabel, ihren Router oder Ihr Smartphone

  • 2. Aktivieren Sie ihre Mobile Daten -oder WLAN-Verbindung erneut

  • 3. Prüfen Sie das Signal an Ihrem Standort

  • 4. Führen Sie eine Netzwerkdiagnose durch