Tempo de leitura para crianças: 18 min
Houve, uma vez, um moço que se chamava Frederico e uma moça que se chamava Catarina; tinham-se casado e viviam a vidoca dos recém-casados. Um dia, disse Frederico;
– Vou ao campo, querida Catarina, e, quando eu voltar, quero encontrar qualquer coisa bem quentinha em cima da mesa, para matar a fome; e cerveja bem fresquinha para matar a sede. – Está bem, querido Frederico, – respondeu a mulher; – podes ir sossegado, que arranjarei tudo direitinho. Ao se aproximar u hora do almoço, ela tirou uma salsicha do fumeiro, colocou-a nu frigideira, com manteiga, e levou-a ao fogo. Nilo demorou multo a salsicha começou a fritar fazendo espirrar gordura por todos os lados; enquanto isso, Catarina segurava o cabo da frigideira, muito pensativa. De repente, lembrou-se: „Enquanto a salsicha vai fritando, poderias ir buscar a cerveja na adega.“ Então arrumou direito a frigideira, pegou uma jarra e desceu à adega para tirar cerveja. Abriu a torneira, a cerveja começou a jorrar para a jarra e ela olhava pensativa; mas lembrou-se: „Oh, e se o cachorro na minha ausência entra na cozinha e rouba-me a salsicha da frigideira? Era só o que faltava!“ Largou a jarra e disparou para a cozinha. Mas chegou tarde demais, o velhaco já estava com a salsicha na boca e ia arrastando-a para fora. Catarina saiu correndo atrás dele pelo meio do campo, mas o animal era mais esperto e mais ligeiro das pernas do que ela; não largou a salsicha e meteu-se no meio do mato. – Pois que vá! – exclamou Catarina voltando pelo caminho, cansada e afogueada de tanto correr. Assim, muito calmamente entrou em casa enxugando o suor do rosto. Enquanto isso, a cerveja ficou escorrendo do barril, porque ela se tinha esquecido de fechar a torneira. Enchendo a jarra, a cerveja passou a escorrer pelo chão, espalhando-se pela adega inteira. Quando chegou no alto da escada que ia dar à adega, Catarina viu aquele desastre e exclamou:
– Deus meu! Que hei de fazer agora para que Frederico não veja esse estrago? Depois de refletir um pouco, lembrou-se de que ainda sobrara da última quermesse um saco de farinha de trigo. Foi buscá-lo no canto onde estava e espalhou-o por cima da cerveja esparramada. – Muito bem, – disse ela – quem sabe guardar sempre encontra no momento preciso. Mas, arrastando o saco com muita pressa, esbarrou desastradamente na jarra cheia, entornando-a, e a cerveja ajudou, também a lavar a adega. – Bem, – disse ela, – aonde vai um deve ir o outro também. E espalhou bem a farinha por toda a adega; depois disse, muito satisfeita com o trabalho:
– Agora sim! Vejam como está tudo limpo e bonito! À hora do almoço, Frederico voltou para casa. – Então, mulher, que me preparaste de bom? – Ah, querido Fred! – respondeu ela, – eu quis fritar uma salsicha para ti, mas, enquanto fui buscar a cerveja na adega, o cachorro roubou a salsicha; enquanto fui correndo atrás do cachorro, a cerveja derramou-se, espalhando-se pela adega. Quando fui enxugar a cerveja com a farinha, entornei a jarra. Mas não te aborreças, a adega está toda limpinha e brilhante outra vez! – Ah, Catarina, – disse Fred. – Não devias ter feito isso. Deixas roubar a salsicha, esvazias a cerveja e ainda por cima espalhas, perdendo, toda a nossa melhor farinha! – É, Fred, eu não sabia, devias ter-me dito. O marido, então, se pôs a pensar: „Com uma mulher assim, é preciso precaver-se!“ Ele tinha justamente economizado uma regular soma de moedas de prata; trocou- as em moedas de ouro e disse a Catarina:
– Olha aqui, mulher, são tremoços loirinhos. Vou guardar dentro deste pote e enterrar no estábulo, sob a manjedoura da vaca. Mas não te metas com ele, pois do contrário te arrependerás. – Não, Fred, – disse ela, – não o farei, com toda a certeza. Mas assim que Fred saiu, chegaram à aldeia alguns vendedores ambulantes, levando potes e vasilhas de barro para vender. Chegando à casa de Catarina, perguntaram se desejava comprar alguma coisa. – Ah, boa gente, – disse ela, – não posso comprar nada. Dinheiro não tenho, só se quiserem tremoços bem loirinhos.
– Tremoços loirinhos? Por quê não? Deixa-nos ver. – Ide procurar no estábulo por baixo da manjedoura da vaca, lá está enterrado um pote cheio deles. Eu não posso ir. Os patifes não perderam tempo, puseram-se a cavoucar e logo desenterraram o pote cheio de moedas de ouro. Meteram tudo nos bolsos e, mais que depressa, fugiram, deixando na casa a pobre mercadoria de barro. Catarina então pensou: já que ficara com todas essas vasilhas novas era preciso aproveitá-las. Como na cozinha não precisasse de nada, tirou os fundos dos potes e colocou-os como ornamento nas estacas da cerca em volta da casa. Quando Fred voltou e viu aquela decoração de um gênero diferente, perguntou:
– Que significa isso, Catarina? – Comprei tudo com os tremoços enterrados debaixo da manjedoura. Não fui eu que os desenterrei; os vendedores tiveram que se arranjar sozinhos. – Ah, mulher, o que fizeste? Não eram tremoços, mas ouro puro. Era tudo o que possuíamos na vida! Não devias ter feito isso! – Oh, Fred – respondeu ela, – eu não sabia. Devias ter-me dito. E Catarina se pôs a refletir; depois de certo tempo disse:
– Escuta, Fred, vamos reaver o nosso ouro. Vamos perseguir os ladrões. Fred respondeu:
– Sim, vamos tentar. Mas leva um pouco de manteiga e queijo para termos o que comer durante o caminho. – Sim, Fred, levarei tudo. Puseram-se a caminho, mas como Fred andava mais depressa, Catarina foi ficando para trás. „Tanto melhor, – pensava ela, – pois quando voltarmos eu estarei na frente um bom pedaço.“
Daí a pouco chegaram a uma colina bastante íngreme, cuja estrada tinha sulcos profundos dos dois lados. – Oh, veja só como esta pobre terra está toda machucada e ferida! – disse ela; – nunca mais se curará! Profundamente penalizada, pegou a manteiga e untou as rachaduras de um lado e de outro para que não ficassem tão maltratadas pelas rodas. Mas quando se curvou para fazer o seu ato de misericórdia, um dos queijos caiu-lhe do bolso e desceu rolando pelo morro abaixo. – Já fiz a caminhada para cima uma vez, – murmurou ela, – não vou agora descer para tornar a subir. Que vá outro buscá-lo. Assim dizendo, pegou o outro queijo e jogou-o atrás do primeiro. Mas os queijos não voltavam e, então, ela pensou:
– Talvez estejam esperando um companheiro, por não gostar de voltar sozinhos! E fez rolar para baixo um terceiro. E como os três não se resolviam a voltar, ela pensou:
– Realmente, não sei o que quer dizer isto! É provável que o terceiro queijo tenha errado o caminho. Vou mandar um quarto buscá-los. Mas o quarto não se comportou melhor que os outros. Então Catarina irritou-se e atirou o quinto e depois o sexto queijo, que eram os últimos. Ficou um certo tempo esperando que voltassem, mas como nenhum voltasse, exclamou:
– Lerdos e poltrões como sois, poderia mandar-vos chamar a morte! Se imaginam que vou esperar mais tempo, enganam-se! Eu vou seguindo o caminho; podeis correr e alcançar-me se quiserdes, pois tendes pernas mais fortes que as minhas. Catarina prosseguiu o caminho e alcançou Fred, que tinha parado para a esperar, pois estava com muita fome e desejava comer alguma coisa. – Bem, deixa-me ver o que trouxeste para comer. Catarina deu-lhe pão seco. – E a manteiga? E o queijo? Onde estão? – perguntou o marido. – Oh, Fred! – respondeu ela. – Passei a manteica nos sulcos da estrada; quanto aos queijos logo estarão aqui: um escapou do meu bolso e eu então mandei os outras atrás para que fossem buscá-lo. – Não devias ter feito isso, Catarina, – disse Fred, – untar a estrada com a manteiga e mandar os queijos rolando morro abaixo! – Oh, Fred, se me tivesses dito! – exclamou vexada. Tiveram, então, de comer pão seco; enquanto comiam, Fred perguntou:
– Fechaste bem a casa, Catarina? – Não, Fred, devias ter-me dito antes. – Então volta para casa e tranca bem a porta, antes de irmos mais adiante; assim aproveitas para trazer o que comermos; eu te ficarei esperando aqui. Catarina voltou para casa, resmungando consigo mesma:
– Fred quer alguma coisa para comer. Queijo e manteiga não lhe agradam. Levarei um saco de peras secas e uma garrafa de vinho. Tendo reunido essas coisas, fechou a parte de cima da porta com cadeado, arrancou a parte de baixo e carregou no ombro, imaginando que a casa ficaria melhor guardada se ela pessoalmente guardasse a porta. Pelo caminho, não se apressou, pensando com isso proporcionar um descanso mais prolongado a Fred. Quando chegou ao ponto onde ele a esperava, deu-lhe a porta da casa dizendo:
– Aqui está a porta da casa, Fred. Assim podes guardar tu mesmo a casa. – Oh, Deus meu! – disse Fred, – como é inteligente a minha mulher! Trancou a parte de cima da porta e arrancou a parte debaixo, por onde qualquer pessoa pode entrar mais facilmente! Agora é tarde demais para voltar, mas, já que trouxeste a porta até aqui, tu a poderás continuar a carregar. – Carrego a porta de boa vontade, – respondeu Catarina, – mas as peras e o vinho pesam muito; vou pendurar o saco e a garrafa na porta para que ela os carregue. Pouco depois, chegaram a uma floresta e se puseram a procurar os ladrões, mas não os encontraram. Sendo já muito escuro, treparam os dois numa árvore, a fim de passar aí a noite. Nem bem tinham chegado lá em cima, surgiram os malandros que lhes tinham roubado as moedas e, por coincidência, sentaram-se justamente debaixo da árvore na qual os dois tinham subido; acenderam uma fogueira e se dispunham a repartir a presa. Fred cautelosamente desceu pelo outro lado da árvore, apanhou uma porção de pedras e tornou a subir, com a firme intenção de liquidar os ladrões a pedradas. Mas as pedras não os atingiram e os ladrões exclamaram:
– Daqui a pouco vai clarear o dia, o vento já está sacudindo as pinhas. Durante o tempo todo, Catarina tinha ficado com a porta no ombro e como o peso era grande ela pensou que a culpa era das peras secas. Então disse:
– Fred, preciso atirar fora estas peras. – Não, Catarina, – respondeu o marido, – não faças isso agora, poderia nos trair. – Ah, Fred, preciso atirá-las; estão pesadas demais. – Então atira e que o diabo te leve. As peras secas rolaram de cima da árvore, por entre os galhos, e os malandros disseram:
– Veja só o que estão fazendo os passarinhos! Pouco depois, como a porta continuasse a pesar, Catarina disse:
– Ah, Fred, preciso atirar fora o vinho. – Não, não! – respondeu Fred, – poderia nos trair. – Mas preciso atirá-lo, Fred! Está muito pesado. – Então atira e que o diabo te leve. Ela despejou o vinho em cima dos malandros e estes disseram:
– Olha, já está caindo o orvalho. Daí a pouco, porém, Catarina refletiu: „Será que é a porta que está pesando tanto?“ e disse:
– Fred, tenho de jogar a porta. – Não faças isso, Catarina! Ela nos trairá. – Ah, Fred, preciso fazê-lo. Não aguento mais o peso. – Não, Catarina, aguenta mais um pouco. – Não, Fred, não posso… Já está escorregando! – Então jogue e que o diabo te leve, – respondeu irritado o marido. E a porta desceu, fazendo um barulhão enorme, por entre os galhos. Os malandros, assustados, disseram:
– É o diabo que vem descendo da árvore! Então trataram de fugir a toda pressa, largando no chão o fruto da pilhagem. Quando amanheceu, Fred e a mulher desceram da árvore, encontraram no chão todo o dinheiro e voltaram para casa. Assim que chegaram, Fred disse:
– Agora, porém, Catarina, tens de trabalhar duro e fazer tudo direito! – Sim, Fred, naturalmente, – respondeu ela. – Irei ao campo ceifar o trigo. Quando chegou ao campo, ela se pôs a pensar:
– „Será melhor comer antes de ceifar, ou será melhor dormir primeiro? Bem, comerei primeiro.“
Depois de comer, ficou caindo de sono; começou a ceifar sem enxergar direito o que fazia, de tanto sono; assim cortou a roupa em dois pedaços, avental, saia e blusa. Despertando dessa longa sonolência, viu-se meio nua, então perguntou a si mesma:
– Será que sou mesmo eu? Não, não pode ser! Não sou eu que estou aqui! Nisso a noite foi escurecendo; Catarina correu para casa e bateu na vidraça da sala onde eslava o marido e chamou:
– Fred! – Que aconteceu? – perguntou o marido. – Quero saber se a Catarina está aí dentro. – Está, sim! Está lá dentro dormindo. – Nesse caso eu estou em casa – disse ela, e saiu correndo. Lá fora, Catarina viu alguns ladrões que queriam furtar. Aproximou-se deles e disse:
– Quero ajudar-vos também. Os ladrões concordaram, julgando que ela conhecesse bem o lugar. Mas Catarina, colocando-se diante das casas, perguntava:
– Minha boa gente, que tendes aí? Nós queremos roubar! Pensando que ela queria vingar-se deles, os ladrões trataram de se ver livres dela e disseram-lhe:
– À entrada da aldeia, o pároco tem uma porção de nabos amontoados no campo; vai buscá-los para nós. Catarina foi até o campo e começou a apanhar os nabos, mas era tão preguiçosa que tardava a mover-se. Nesse momento, ia passando um homem que a viu e parou, julgando que ela fosse o Diabo que estivesse ali colhendo os nabos. Correu à casa do pároco e disse:
– Reverendo, o diabo está no vosso campo, arrancando todos os nabos. – Pobre de mim! – respondeu o padre, – estou com um pó machucado e não posso ir lá exorcismá-lo! O homem, então, disse:
– Isso não tem importância; eu vos carregarei nas costas! Quando chegaram ao campo, Catarina pôs-se de pé, espichando-se toda. – Ah, é o diabo, é o diabo! – exclamou apavorado o padre, e deitou a correr juntamente com o homem. Tão grande era o medo, que o pároco, com o pé machucado, corria mais depressa do que o outro que o carregara nas costas e que tinha os pés sãos.

Antecedentes
Interpretações
Língua
„Frederico e Catarina“ é um conto humorístico dos Irmãos Grimm que explora as peripécias de um casal recém-casado. O protagonista, Frederico, instrui a esposa, Catarina, a preparar uma refeição enquanto ele está fora. No entanto, a distração e a ingenuidade de Catarina desencadeiam uma série de eventos cômicos.
O conto é uma clássica narrativa dos Grimm, onde um simples descuido leva a desventuras cada vez mais absurdas. A salsicha que frita na frigideira é roubada pelo cachorro, a cerveja escorre pela adega e é coberta de farinha por Catarina na tentativa de ocultar o desastre. Isso culmina com Catarina inadvertidamente trocando as economias do casal por vasos de barro ao confundir moedas de ouro com “tremoços loirinhos”, pois comerciantes de rua enganaram-na.
A história só se complica quando o casal tenta recuperar as economias perdidas. Catarina, distraída, continua a tomar decisões infelizes, como untar sulcos da estrada com manteiga e lançar seus queijos morro abaixo para recuperá-los. Essas ações parecem ilógicas, mas são consistentes com a natureza ingênua e despreocupada de Catarina.
No final, após a confusão envolvendo ladrões e uma noite dormindo em uma árvore, o casal consegue recuperar seu ouro graças ao caos criado ao seu redor. Mesmo assim, o conto não termina com uma moral clara, mas sublinha o humor nas situações caóticas vividas por Catarina, realçando o quão imprudente e desconectada da realidade ela é.
O conto mostra a habilidade dos Irmãos Grimm em entrelaçar humor e absurdo através de desventuras cotidianas, ilustrando personagens com falhas humanas de maneira cômica.
Frederico e Catarina é um dos contos menos conhecidos dos Irmãos Grimm, mas é uma história rica em comédia e ironia, explorando a dinâmica entre o casal e a falta de habilidade de Catarina em lidar com situações cotidianas. As diferentes interpretações do conto podem ser resumidas em algumas perspectivas:
Comédia dos Erros: O conto é repleto de situações absurdamente cômicas, causadas principalmente pela ingenuidade de Catarina. Essa é uma interpretação leve e divertida, que foca no humor das circunstâncias.
Papel de Gênero e Expectativas: Pode ser visto como uma crítica ou sátira das expectativas colocadas sobre as mulheres no contexto doméstico. Catarina tenta cumprir seus deveres, mas suas ações resultam em caos, o que pode ser visto como um comentário sobre a imposição de papéis tradicionais de gênero.
Inocência versus Esperteza: Outra leitura pode focar no contraste entre a inocência de Catarina e a malandragem dos outros personagens, como o cachorro e os ladrões. Isso explora a ideia de que ser ingênuo em um mundo onde se precisa ser esperto pode levar a situações problemáticas.
Resiliência e Solução de Problemas: Apesar dos seus muitos passos em falso, Catarina demonstra uma criatividade peculiar na tentativa de solucionar as questões que surgem, ainda que suas soluções sejam desastrosas. Isso pode ser visto como uma reflexão sobre a importância da tentativa e erro.
Moral e Aprendizado: Em uma leitura moralista, o conto sugere a importância de comunicação clara e ensinar lições de causa e efeito. As falhas de Catarina são muitas vezes resultado de uma falta de instruções precisas e comunicação eficaz por parte de Frederico.
Crítica ao Materialismo: Ao transformar o ouro em meras „ervilhas loirinhas“, o conto pode ser interpretado como uma crítica à busca desenfreada por riquezas materiais, mostrando o quão fútil pode ser o acúmulo de bens sem o entendimento de seu valor real.
Cada uma dessas interpretações permite mergulhar um pouco mais fundo na narrativa e reconsiderar seus elementos aparentemente simples. Isso ilustra como contos de fadas podem ter camadas de significados que vão muito além do que se vê à primeira leitura.
„Frederico e Catarina“, dos Irmãos Grimm, é um conto que encapsula elementos clássicos dos contos de fadas, caracterizados por personagens um tanto quanto ingênuos, situações cômicas e uma moral implícita.
Frederico: Representa o marido típico dos contos de fadas, com expectativas simples e práticas em relação ao papel da esposa no casamento. É um personagem que, embora seja mais ciente que Catarina, ainda acaba sofrendo as consequências das ações desastradas da esposa.
Catarina: É a típica personagem atrapalhada e ingênua, cuja falta de entendimento e de noção prática leva a uma série de desventuras. Catarina exemplifica o arquétipo da esposa tola, comum nos contos de fadas, que serve tanto para entreter quanto para ensinar uma lição sobre o bom senso e a competência doméstica.
Estrutura Cíclica: O conto segue uma estrutura de causa e efeito cíclico, onde cada ação de Catarina desencadeia uma série de consequências que agravam a situação. A linguagem repetitiva enfatiza os erros contínuos e a falta de aprendizado da protagonista.
Diálogo Direto: O uso de diálogos diretos na narrativa reforça o caráter simples e direto dos personagens, e o uso de expressões como „Ah, Fred“ destaca a frequência das justificativas de Catarina.
Ironia e Humor: A escolha das palavras e a descrição das situações grotescas criam um tom humorístico que é típico dos contos de fadas, onde a seriedade é subvertida pelo comportamento absurdo dos personagens.
Ignorância e Inocência: O conto explora temas de ignorância e consequências da ingenuidade através dos atos de Catarina. Sua interpretação literal de instruções e falta de noção prática causam os infortúnios do casal.
Moral Implícita: Apesar do tom humorístico, há uma lição subjacente sobre a importância de se ter bom senso nas responsabilidades diárias e as consequências do descaso e da distração.
Tremoços vs. Ouro: O mal-entendido de Catarina em relação às moedas de ouro como “tremoços loirinhos” simboliza a falta de percepção e discernimento sobre o valor das coisas.
Porta da Casa: A decisão de Catarina de carregar a porta da casa simboliza a sua forma literal de pensar e a incapacidade de entender as instruções de forma prática.
O conto de Frederico e Catarina, como muitos outros dos Irmãos Grimm, utiliza o humor e a ironia para transmitir lições sociais e morais, ao mesmo tempo em que diverte com suas situações absurdas e personagens caricatos.
Informação para análise científica
Indicador | Valor |
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Número | KHM 59 |
Aarne-Thompson-Uther Índice | ATU Typs 1387 |
Traduções | DE, EN, DA, ES, PT, FI, HU, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH |
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson | 32.7 |
Flesch-Reading-Ease Índice | 34.4 |
Flesch–Kincaid Grade-Level | 11.3 |
Gunning Fog Índice | 13.9 |
Coleman–Liau Índice | 10.5 |
SMOG Índice | 12 |
Índice de legibilidade automatizado | 5.2 |
Número de Caracteres | 13.551 |
Número de Letras | 10.448 |
Número de Sentenças | 208 |
Número de Palavras | 2.337 |
Média de Palavras por frase | 11,24 |
Palavras com mais de 6 letras | 502 |
percentagem de palavras longas | 21.5% |
Número de Sílabas | 4.449 |
Média de Sílabas por palavra | 1,90 |
Palavras com três sílabas | 583 |
Percentagem de palavras com três sílabas | 24.9% |