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A lebre e o ouriço
A lebre e o ouriço Märchen

A lebre e o ouriço - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 9 min

Esta história, meninos, vai parecer-vos mentirosa, contudo é verdadeira; contava-ma sempre o meu avô, que costumava dizer, toda a vez que a contava, com muita seriedade.

– Deve ser verdade, meu filho, do contrário não se poderia contá-la. E os fatos que ele narrava são os seguintes:

Numa bela manhã de domingo, em pleno verão, precisamente quando as espigas estavam todas floridas, o sol brilhava no céu azul, a brisa matutina fazia ondular as searas, as cotovias cantavam pelo espaço, as abelhas zumbiam entre as espigas, o povo, em roupas domingueiras, se dirigia à igreja. Todas as criaturas estavam alegres e, assim também, o ouriço. O ouriço estava diante da porta da casa, de braços cruzados; parado e absorto observava o ar límpido da manhã e trauteava uma cançãozinha nem melhor nem pior do que costumava cantar um ouriço numa bela manhã de domingo. Enquanto ele assim cantava, ocorreu-lhe, repentinamente, que, como sua mulher estava lavando e vestindo os filhos, ele podia dar um passeiozinho no campo para ver como estavam os nabos. Os nabos cresciam num campo bem próximo de casa e ele costumava ir com a família comê-los, por isso considerava-os como seus. Dito e feito. O ouriço fechou a porta atrás de si e encaminhou-se para o campo. Não se distanciara muito da casa e, justamente, ia contornar a ameixeira em frente ao campo, quando encontrou a lebre que saía com idênticas intenções, isto é, com o fito de visitar os repolhos.

A lebre e o ouriço Contos de fadas

Assim que avistou a lebre, o ouriço deu-lhe amavelmente os bons-dias. Mas a lebre, que se dava ares de importância, julgando-se uma fidalga, era tremendamente presunçosa; não correspondeu ao cumprimento e disse-lhe com um muxoxo de altivo desdém:

– Como é que tão cedo já percorres o campo? – Vim dar um passeio, – disse o ouriço. – Um passeio! – replicou zombeteira a lebre. Parece-me que poderias empregar as pernas para coisa melhor. Tal resposta ofendeu profundamente o ouriço, o qual tolerava tudo, mas não admitia que falassem de suas pernas, porque as tinha tortas por natureza. – Imaginas, porventura, – retorquiu ele azedo – que tuas pernas valem mais do que as minhas? – Tenho certeza que sim! – respondeu a lebre. – Pois vamos pôr isso à prova, – disse o ouriço, – aposto que, se fizéssemos uma corrida, eu sairia vencedor. – Fazes-me rir; com essas tuas pernas tortas! – disse a lebre. Mas se o queres, se tens tanta vontade, assim seja. Quanto vale a aposta? – Uma moeda de ouro e uma garrafa de aguardente, – respondeu o ouriço. – Aceito! – respondeu a lebre – e podemos fazer a prova imediatamente. – Não; não há tanta pressa assim! – disse o ouriço. – Eu ainda estou em jejum, vou primeiro até em casa comer alguma coisa e, dentro de meia hora, estarei de volta. A lebre concordou e o ouriço afastou-se. No caminho, dizia de si para si: „A lebre fia-se nas suas longas pernas mas há de se haver comigo! É na verdade muito distinta, mas não passa de uma estúpida; vai receber uma boa lição.“

Ao chegar a casa, disse à sua mulher:

– Mulher, veste-te depressa; precisas vir comigo ao campo. – O que sucedeu? – perguntou a mulher. – Apostei com a lebre uma moeda de ouro e uma garrafa de aguardente: vamos fazer uma corrida e tu tens de me ajudar. – Oh, meu Deus! – pôs-se a censurar a mulher, – Oh, homem, tu certamente perdeste a cabeça; estás louco? Como podes apostar corrida com a lebre?

– Cala-te, mulher, – disse o ouriço; – isso é comigo. Não metas o bedelho em negócios de homens. Veste-te e anda comigo! Que podia fazer a mulher do ouriço? Teve de obedecer; quisesse-o ou não. Puseram-se, juntos, a caminho e, então, disse o ouriço:

– Presta atenção ao que te vou dizer. Nós vamos correr naquele campo comprido. A lebre corre num sulco e eu noutro; partiremos de lá de cima. Tu não tens mais do que esconder-te no sulco aqui em baixo, e, quando a lebre chegar pelo outro sulco, na mesma direção, tu lhe gritarás: Já estou aqui! Com isso, chegaram ao ponto marcado; o ouriço indicou à mulher o lugar em que se havia de esconder no sulco e subiu o campo. Quando chegou ao extremo deste, já lá encontrou a lebre. – Podemos começar? – perguntou ela. – Sem dúvida, – respondeu o ouriço. – Então, a caminho! E cada qual foi para o seu sulco. A lebre contou: Um, dois, três! e partiu como um relâmpago. O ouriço correu mais ou menos três passos, depois agachou-se no sulco e ficou quietinho. Quando a lebre, em longas pernadas, chegou à outra extremidade do campo, a mulher do ouriço gritou-lhe:

– Já estou aqui!

A lebre e o ouriço Contos de fadas

A lebre, surpreendida e admirada, julgou ser o ouriço quem gritava, porque, como todos sabem, a mulher parece-se muito com ele. Mas ficou a pensar:

– Aqui há coisa! – e gritou:

– Corramos outra vez, em sentido inverso! E saiu correndo como um raio, a ponto que as orelhas pareciam prestes a despegarse-lhe da cabeça. Enquanto isso, a mulher do ouriço ficou calmamente onde estava; e quando a lebre atingiu o extremo inicial do campo, o ouriço gritou-lhe:

– Já estou aqui! A lebre, completamente fora de si pela raiva, gritou:

– Corramos outra vez; volte! – Para mim é o mesmo! – respondeu o ouriço: – podemos continuar enquanto te aprouver. Assim a lebre correu setenta e três vezes e o ouriço sempre ganhou. Sempre que a lebre chegava a uma ou outra extremidade do campo, o ouriço ou a mulher gritavam:

– Estou aqui! Mas, à septuagésima quarta vez, a lebre não alcançou a meta. Estrebuchou, no meio do campo, botando sangue pela beca e expirou. O ouriço pegou a moeda de ouro e a garrafa de aguardente que ganhara com a sua astúcia. Chamou a mulher para que saísse do sulco e voltaram ambos para casa muito satisfeitos. Se não morreram, certamente ainda estão vivos. E assim foi que, no campo de nabos, o ouriço apostou corrida com a lebre e saiu vencedor; e, desde esse dia, nenhuma lebre quis jamais apostar com um ouriço.

A lebre e o ouriço Contos de fadas

A moral desta história é, em primeiro lugar, que ninguém, por mais importante que seja, deve permitir- se zombar de quem quer que seja, nem mesmo de um ouriço. Em segundo lugar, ainda mais acertado quem se casa com pessoa de sua condição, que se assemelhe. Portanto, quando se tratar de um ouriço, deve ter todo o cuidado em que a futura mulher seja uma ouriça, e assim por diante…

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Antecedentes

Interpretações

Língua

„A Lebre e o Ouriço“ é uma fábula encantadora dos Irmãos Grimm que destaca temas de astúcia, humildade e igualdade. Neste conto, um ouriço, ofendido pela arrogância da lebre que menospreza suas habilidades por ter as pernas tortas, decide desafiá-la para uma corrida. O ouriço, ao perceber que não poderia vencer a lebre em velocidade, elabora um plano astuto envolvendo sua esposa. Assim, ele garante que, não importa a direção da corrida, haja sempre um ouriço presente na linha de chegada para declarar „Já estou aqui“.

A lebre, confiando demais em sua velocidade, acaba perdendo a corrida devido à engenhosidade do ouriço e a semelhança entre ele e a sua esposa. A história culmina com a lebre exausta e a vitória do ouriço, que ganhou não pela velocidade, mas pela inteligência e trabalho em equipe com sua esposa.

A moral deste conto é dupla: primeiro, ensina que ninguém deve menosprezar os outros, pois a verdadeira força pode estar na sabedoria e no espírito comunitário, em vez de pura habilidade física. Segundo, ressalta a importância de se unir a alguém que nos complemente e compartilhe nossas experiências de vida, reforçando o valor da parceria entre semelhantes. Essa parceria é o que permite ao ouriço superar um desafio que seria impossível sozinho. Assim, o conto continua a encantar leitores, oferecendo uma lição sobre respeito e união.

„A Lebre e o Ouriço“ é um conto que oferece lições valiosas sobre humildade e astúcia. Nesse conto, a lebre representa a arrogância e a presunção, subestimando o ouriço por aparentemente ser mais lento. O ouriço, por outro lado, simboliza a inteligência e o pensamento estratégico, mostrando que astúcia muitas vezes pode superar a força bruta ou a velocidade.

Humildade: A lebre, confiante em suas habilidades físicas, menospreza o ouriço devido à sua aparência e velocidade. No entanto, sua falta de humildade e respeito pelo ouriço resulta em sua derrota. Essa parte da história nos lembra que nunca devemos subestimar os outros com base em suas aparências ou características superficiais, pois todos têm pontos fortes que podem não ser imediatamente visíveis.

Trabalho em Equipe e Estratégia: O ouriço, ao perceber que não poderia vencer uma corrida de modo convencional contra a lebre, utiliza a astúcia e trabalha em equipe com sua esposa para superar a lebre. Essa abordagem criativa e colaborativa ensina valores sobre a importância da estratégia e da colaboração em situações aparentemente desfavoráveis.

O conto também sugere que devemos casar com alguém de nossa própria condição, talvez insinuando a importância de encontrar valores e perspectivas comuns em parcerias. Assim, além do óbvio embate entre velocidade e inteligência, a narrativa também oferece reflexões sobre respeito mútuo, escolha de companheiros e o valor da criatividade perante desafios.

„A Lebre e o Ouriço“ é um conto dos Irmãos Grimm que, à primeira vista, pode parecer apenas mais uma fábula sobre animais, mas esconde lições profundas sobre humildade, subestimação e astúcia.

Narrador e Tom: O conto se inicia com um narrador em primeira pessoa, que expõe uma pequena introdução afirmando a veracidade da história, uma técnica comum nas narrativas orais para gerar credibilidade. O narrador é uma figura paternal, que transmite a tradição oral herdada de um avô, o que reforça o caráter popular e atemporal da narrativa. Um tom ligeiramente irônico permeia o texto, principalmente na forma como a lebre, com suas atitudes presunçosas e arrogantes, é descrita.

Ouriço: Astuto e estratégico, representa aqueles que, mesmo subestimados, conseguem superar desafios com inteligência. Sua determinação e confiança são fundamentais.
Lebre: Simboliza a arrogância e a impaciência. Sua confiança excessiva em suas habilidades naturais torna-se uma fraqueza quando confrontada com a astúcia do ouriço.
Mulher do Ouriço: Mesmo em um papel secundário, é essencial para o desfecho do conto. A sua semelhança com o ouriço e a disposição para ajudá-lo sublinham a ideia de parceria e cumplicidade.

Diálogo e Estilo: O uso de diálogos diretos e simples facilita a transmissão de emoções e intenções dos personagens, essencial em contos de caráter moral como este. Expressões como „empregar as pernas para coisa melhor“ e a repetição do desafio „já estou aqui“ são exemplos de como a linguagem direta pode enfatizar a confiança e a ironia na narrativa.

Subestimação: A lebre subestima o ouriço por causa de suas aparências e capacidades físicas. Este é um ponto central: nunca julgar as habilidades de alguém apenas por sua aparência externa.
Astúcia vs. Força: Em um confronto entre destreza intelectual e força física, é a inteligência que prevalece. O ouriço utiliza um estratagema simples, mas eficaz.
Parceria e Igualdade: A lebre aprende, através da derrota, que a cooperação entre iguais – o ouriço e sua mulher – pode revelar-se mais poderosa do que a habilidade individual.

Estrutura Narrativa: A estrutura do conto é linear e segue o tradicional esquema de situação inicial, conflito, clímax e resolução. Começa com a provocação da lebre ao ouriço, seguido pelo desenvolvimento do plano do ouriço, o clímax com a série de corridas, e a resolução com a vitória do ouriço e a morte da lebre.

Moralidade e Tradição: O conto encerra com lições de moralidade claras e diretas, convidando à reflexão sobre como julgamos os outros e a importância de respeitar a todos independentemente de sua aparência ou posição social. A tradição cultural de „casar-se com alguém de igual condição“ é sublinhada, reforçando a ideia de que parcerias de sucesso decorrem de semelhanças e compatibilidade entre os envolvidos.

Em síntese, „A Lebre e o Ouriço“ é um conto que transcende sua simplicidade aparente, oferecendo valiosas lições de vida através de suas personagens alegóricas e de um enredo bem construído.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 187
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 275A
TraduçõesDE, EN, ES, FR, PT, HU, IT, JA, NL, PL, RO, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson31.3
Flesch-Reading-Ease Índice34.5
Flesch–Kincaid Grade-Level11.5
Gunning Fog Índice14.8
Coleman–Liau Índice10
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado5.3
Número de Caracteres6.200
Número de Letras4.770
Número de Sentenças90
Número de Palavras1.089
Média de Palavras por frase12,10
Palavras com mais de 6 letras209
percentagem de palavras longas19.2%
Número de Sílabas2.060
Média de Sílabas por palavra1,89
Palavras com três sílabas270
Percentagem de palavras com três sílabas24.8%
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