Tempo de leitura para crianças: 8 min
Era uma vez uma velha cabra que tinha sete cabritinhos e os amava, como uma boa mãe pode amar os filhos. Um dia, querendo ir ao bosque para as provisões do jantar, chamou os sete filhinhos e lhes disse:
– Queridos pequenos, preciso ir ao bosque; cuidado com o lobo; se ele entrar aqui, come-vos todos com uma única abocanhada. Aquele patife costuma disfarçar-se, logo o reconhecereis, porém, pela voz rouca e pelas patas negras. Os cabritinhos responderam:
– Podeis ir sossegada, querida mamãe, ficaremos bem atentos.
Com um balido, a velha cabra afastou-se confiante. Pouco depois, alguém bateu à porta, gritando:
– Abri, queridos pequenos; está aqui vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um! Mas os cabritinhos perceberam, pela voz rouca, que era o lobo.
– Não abrimos nada, – disseram – não é a nossa mamãe; a mamãe tem uma vozinha suave; a tua é rouca; tu és o lobo! Então o lobo foi a um negócio, comprou um grande pedaço de argila, comeu-o e assim a voz dele tornou-se mais suave. Em seguida, voltou a bater à porta, dizendo:
– Abri, queridos pequenos; está aqui a vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um! Mas havia apoiado a pata negra na janela; os pequenos viram-na e gritaram:
– Não abrimos, nossa mamãe não tem as patas negras como tu; tu és o lobo.
O lobo correu, então, até o padeiro e lhe disse:
– Machuquei o pé, queres esparramar-lhe em cima um pouco de massa? Quando o padeiro lhe espargiu a massa na pata, correu até o moleiro e disse:
– Espalha um pouco de farinha de trigo na minha pata. O moleiro pensou: „Este lobo está tentando enganar alguém“ e recusou-se a atende-lo. O lobo, porém, ameaçou-o:
– Se não o fizeres, devoro-te! O moleiro, então, se assustou e polvilhou-lhe a pata. Aliás, isso é comum entre os homens. O malandro foi, pela terceira vez, bater à porta dos cabritinhos, dizendo:
– Abri, pequenos, vossa querida mãezinha voltou do bosque e trouxe um presente para cada um de vós! Os cabritinhos gritaram:
– Mostra-nos primeiro a tua pata para que saibamos se és realmente nossa mamãezinha. O lobo não hesitou, colocou a pata sobre a janela e, quando viram que era branca, acreditaram no que dizia e abriram-lhe a porta. Mas foi o lobo que entrou. Os cabritinhos, amedrontados, trataram de se esconder.
O primeiro escondeu-se debaixo da mesa, o segundo meteu-se embaixo da cama, o terceiro correu para dentro do forno, o quarto foi para a cozinha, o quinto fechou-se no armário, o sexto dentro da pia e o sétimo na caixa do relógio de parede. Mas o lobo encontrou-os todos e não fez cerimônias; engoliu-os um após o outro. O último, porém, que estava dentro da caixa do relógio, não foi descoberto. Uma vez satisfeito, o lobo saiu e foi deitar-se sob uma árvore, no gramado fresco do prado e não tardou a ferrar no sono. Não tardou muito e a velha cabra regressou do bosque. Ah, o que se lhe deparou! A porta da casa escancarada; mesa, cadeiras, bancos, tudo de pernas para o ar. A pia em pedaços, as cobertas, os travesseiros arrancados da cama. Procurou logo os filhinhos, não conseguindo encontrá-los em parte alguma. Chamou-os pelo nome, um após o outro, mas ninguém respondeu. Ao chamar, por fim, o menor de todos, uma vozinha sumida gritou:
– Querida mamãezinha, estou aqui, dentro da caixa do relógio. Ela tirou-o de lá e o pequeno contou-lhe que viera o lobo e devorara todos os outros. Imaginem o quanto a cabra chorou pelos seus pequeninos! Saiu de casa desesperada, sem saber o que fazer; o cabritinho menor saiu-lhe atrás. Chegando ao prado, viram o lobo espichado debaixo da árvore, roncando de tal maneira que fazia estremecer os galhos.
Observou-o atentamente, de um e de outro lado e notou que algo se mexia dentro de seu ventre enorme.
– Ah! Deus meu, – suspirou ela – estarão ainda vivos os meus pobres pequenos que o lobo devorou? Mandou o cabritinho menor que fosse correndo em casa apanhar a tesoura, linha e agulha também. De posse delas, abriu a barriga do monstro; ao primeiro corte, um cabritinho pôs a cabeça de fora e, conforme ia cortando mais, um por um foram saltando para fora; todos os seis, vivos e perfeitamente sãos, pois o monstro, na sanha devoradora, os engolira inteiros, sem mastigar.
Que alegria sentiram ao ver a mãezinha! Abraçaram-na, pinoteando felizes como nunca. Mas a velha cabra lhes disse:
– Ide depressa procurar algumas pedras para encher a barriga deste danado antes que ele desperte. Os cabritinhos, então, saíram correndo e daí a pouco voltaram com as pedras, que meteram, tantas quantas couberam, na barriga ainda quente do lobo. A velha cabra, muito rapidamente, coseu-lhe a pele de modo que ele nem chegou a perceber. Finalmente, tendo dormido bastante, o lobo levantou-se e, como as pedras que tinha no estômago lhe provocassem uma grande sede, foi à fonte para beber; mas, ao andar e mexer-se, as pedras chocavam-se na barriga, fazendo um certo ruído. Ele então pôs-se a gritar:
Dentro da pança,
que é que salta e pula? Cabritos não são;
parece pedra miúda!
Chegando à fonte, debruçou-se para beber; entretanto, o peso das pedras arrastou-o para dentro da água, onde se acabou afogando miseravelmente.
Vendo isso, os sete cabritinhos saíram correndo e gritando:
– O lobo morreu! O lobo morreu! Então, juntamente com a mãezinha, dançaram alegremente em volta da fonte.
Informação para análise científica
Indicador | Valor |
---|---|
Número | KHM 5 |
Aarne-Thompson-Uther Índice | ATU Typ 123 |
Traduções | DE, EN, EL, EL, DA, ES, FR, PT, FI, HU, IT, JA, NL, KO, PL, RO, RU, TR, VI, ZH |
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson | 34.6 |
Flesch-Reading-Ease Índice | 32.6 |
Flesch–Kincaid Grade-Level | 12 |
Gunning Fog Índice | 14.9 |
Coleman–Liau Índice | 10.1 |
SMOG Índice | 12 |
Índice de legibilidade automatizado | 6.3 |
Número de Caracteres | 5.328 |
Número de Letras | 4.119 |
Número de Sentenças | 67 |
Número de Palavras | 935 |
Média de Palavras por frase | 13,96 |
Palavras com mais de 6 letras | 193 |
percentagem de palavras longas | 20.6% |
Número de Sílabas | 1.769 |
Média de Sílabas por palavra | 1,89 |
Palavras com três sílabas | 218 |
Percentagem de palavras com três sílabas | 23.3% |